Paulo Meneses, líder pacense, fez para O JOGO um balanço deste início de época do clube, que está muito longe dos desejos dos associados e das ambições de quem lidera o projeto. E aborda ainda o caso Caetano
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A conversa começou pelo mau início desportivo dos pacenses e as razões encontradas que o justificam. O presidente falou da principal razão. "O calendário foi logo o primeiro obstáculo, com a visita à Luz na primeira jornada numa altura em que o Benfica estava bastante moralizado".
As muitas aquisições (14) e a falta de afirmação inicial de alguns reforços também entram nas contas, mas Paulo Meneses defende-se: "Não considero erros de casting, até porque a nossa equipa no ano passado não era má e, este ano, tentou equilibrar-se ao máximo o plantel. Por exemplo, temos dois laterais-direitos e esquerdos de bom nível, temos extremos de qualidade. Com os centrais temos tido muitos azares, não só com lesões, mas também com castigos. As pessoas têm de ter a noção de que vimos de uma realidade diferente, da II liga e não podemos inflacionar o orçamento ao ponto de o desequilibrarmos", afirma para reforçar que, por via dessa gestão, "o Paços de Ferreira está sustentabilizado financeiramente e isso é claro que acarreta alguns riscos".
Sobre as opções no mercado de contratações, e confrontado com as recentes declarações de Carlos Carneiro, que criticou os elevados custos dos direitos de formação que obsta a contratações de jovens jogadores, Paulo Meneses, desvalorizou e acrescentou:
"Não me choca ter jogadores emprestados, o que neste ano não acontece, até porque eles só vêm com condições vantajosas a nível financeiro para o clube, em posteriores vendas, como é o caso de vários exemplos recentes. Vejam, por exemplo, o caso deste ano do Famalicão, com tantos jogadores emprestados, mas que revelam qualidade. Depois, as opções, já são da responsabilidade dos técnicos e aí eu não me meto, nem nunca me vou meter, porque não faz parte das minhas atribuições."
"Não podemos inflacionar o orçamento e desequilibrá-lo"
Janeiro aproxima-se e a pergunta impõe-se, vai haver novidades no próximo mercado? "É claro que vai haver novidades e a equipa em janeiro vai sofrer três ou quatro alterações, ou seja, três ou quatro jogadores que possam vir acrescentar qualidade e têm de ser jogadores enquadrados com o futebol português, não colocando de parte jogadores emprestados que nos possam trazer vantagens no futuro."
O Paços de Ferreira tem investido muito em obras no estádio, essencialmente, melhoramentos, ou melhor dito, necessidades, como explica Paulo Meneses...
"Nunca equacionei alguma coisa no plantel que ficasse pendente por causa de dinheiro de obras. É uma realidade que, desde que começou a época, há obras em curso, absolutamente prioritárias." E explica: "As obras circundantes ao estádio são da inteira responsabilidade da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, que as iniciou no timing que entendeu, mas que me obrigou a outras complementares. Há três anos, acusavam-me de ter aquela bancada inativa e eu fui obrigado agora a fazer obras, nunca inferiores a 400 mil euros, para que no início da época pudéssemos abrir os novos camarotes aos sócios. Fui obrigado e adaptar o nosso plano de segurança por imposição da Liga e isso obrigou a gastos, que tivemos de fazer, mas que não me arrependo. Se repararem na bancada que até há pouco tempo era a principal, estamos a remover todo o teto. E porquê? Não podemos ter uma bancada onde chove em cima dos sócios... Finalmente, melhorámos as condições para os jornalistas. O Paços não pode ser só uma equipa de futebol. Tem de ser também um espaço que proporcione conforto aos adeptos." Tudo isto sem perder de vista obra muito importante... "Temos de continuar a investir na formação, melhorando o parque de jogos, onde vão ser construídos mais dois sintéticos. E, já agora, não é por acaso que fomos considerados clube formador cinco estrelas pela Federação Portuguesa de Futebol, até porque se não estivermos atualizados, perdemos receitas inerentes a este projeto". Sobre o novo parque de estacionamento, relacionado com as obras que a autarquia está a levar a efeito, Paulo Meneses concretizou: "Está já agendada uma reunião com o Executivo Camarário, para definir as regras que irão suportar esse novo espaço de estacionamento."
Um grande elogio a Hernâni Silva
Paulo Meneses explicou que não estão previstas mais intervenções nas infraestruturas do clube. "As obras que se tem de fazer estão a ser feitas e não há mais, apenas obras de manutenção", frisou o dirigente, num cenário que só poderia ser alterado pela eventual chegada de "receitas extraordinárias". "A minha meta é suscetibilizar financeiramente o clube para que o futuro nunca esteja em causa", acrescentou.
Noutro âmbito, o presidente quis enaltecer o trabalho de Hernâni Silva, antigo presidente do clube pacense. "Sei dar valor a um homem que me trouxe para o futebol, o senhor Hernâni Silva, que passou dificuldades quando o Paços desceu, mas que conseguiu regressar à I Liga. Deixou o clube com sustentabilidade para que quem viesse a seguir pudesse dar continuidade", frisou Paulo Meneses.
Paulo Meneses explica Caetano
Rui Caetano tem sido um nome muito falado em Paços de Ferreira, mas Paulo Meneses foi perentório na explicação. "Não escondo que no início da época o seu nome foi ponderado, mas nunca houve qualquer contrato assinado e quem promove esse tipo de notícias só o pode fazer por má-fé", atirou o dirigente, com a garantia de que tem uma "ótima relação" com o jogador de 28 anos, que está atualmente sem clube, depois de ter representado o Penafiel na época passada. "Embora tivesse sido equacionado em agosto, nunca tive qualquer compromisso assinado", reforçou.
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