Braço de ferro pelo jackpot: FC Porto e Braga discutem acesso direto à Champions
FC Porto e Braga lutam pelo segundo lugar na Pedreira e consequente entrada direta na prova milionária em 23/24. Ficar em terceiro obrigará a trabalho suplementar para alcançar o prémio. O Braga tenta recuperar a vice-liderança, ao passo que o FC Porto pretende deixar os minhotos mais longe da entrada direta na Champions. Jogo desta tarde pode mexer no topo da classificação.
O campeonato entra agora na reta final, com dez jornadas para disputar, e esta tarde/noite há um jogo na Pedreira que pode mudar a configuração do topo da tabela classificativa. Separados por dois pontos, com vantagem para os campeões nacionais, e com o Benfica fora do alcance face ao avanço de que dispõe nesta fase da temporada, Braga e FC Porto esgrimem argumentos pela luta do segundo lugar, posto que tem implicações diretas em vários aspetos da próxima época, tanto a nível desportivo como financeiro.
Se o segundo lugar fornece entrada direta na Liga dos Campeões em 2023/24, o terceiro implica disputar as pré-eliminatórias de acesso à prova (primeiro a terceira pré-eliminatória e depois o play-off, ou seja, quatro jogos, normalmente marcados para o início de agosto). Por outras palavras, ser vice-campeão é garantia de entrada de dinheiro fresco que pesa de forma significativa nos orçamentos e da participação na prova milionária, ao passo que ficar no lugar seguinte equivale a começar a temporada mais cedo, com prováveis implicações de rendimento no futuro, e sem certezas quanto às receitas.
Tendo como base de comparação a época corrente, e não havendo indicações da UEFA sobre alterações de prémios, o segundo classificado do campeonato, tal como o primeiro, de resto, recebe automaticamente 15,6 milhões de euros como prémio de entrada na Liga dos Campeões, verba a que se soma depois um montante obtido em função do ranking do clube. Por exemplo, nesta temporada o FC Porto recebeu 23,9 milhões de euros. Ou seja, a soma entre as duas parcelas representou um encaixe imediato de 39,5 milhões de euros.
No caso de ser o Braga a ficar em segundo lugar, a verba não será tão elevada, devido, naturalmente, à posição dos arsenalistas no ranking (41.º lugar atualmente). Para se ter uma ideia do valor, basta olhar para o Dínamo Zagreb, da Croácia, que por ser 44.º do ranking recebeu 6,8 milhões de euros, mais os tais 15,64 milhões de prémio de entrada na Champions. Quer isto dizer que os minhotos poderão receber entre 22 e 23 milhões de euros da UEFA se terminarem o campeonato em segundo lugar. Ora, essa verba é mais ou menos metade do orçamento dos arsenalistas para o futebol profissional.
Se o bolo financeiro é um bom argumento para FC Porto e Braga lutarem pelo segundo lugar, por outro lado há interferências no planeamento da próxima época se terminarem em terceiro. Isto porque haverá menos tempo de férias e uma entrada precoce na competição, após um mês de pré-época, para a disputa das pré-eliminatórias. E muitas vezes, não faltando exemplos disso, a fatura dessa entrada mais cedo costuma chegar mais tarde, face ao cansaço e à agenda cheia.
Segundo lugar tem proveito escondido
Do ponto de vista financeiro, ficar em segundo lugar pode representar uma vantagem em relação à conquista do título de campeão. Estranho? Passamos a explicar: os dois lugares permitem a entrada direta na Liga dos Campeões e dão automaticamente direito ao prémio de acesso, mas o segundo posto livrará uma sociedade desportiva de pagar os bónus respeitantes ao título de campeão. O caso varia de clube para clube e os montantes também, mas a prática comum em Portugal é a de que o primeiro lugar implica o pagamento de verbas chorudas ao plantel. Ora, fazendo as contas aos prémios de participação na Liga dos Campeões, o segundo posto acaba por representar mais ganhos para a sociedade desportiva numa visão puramente financeira.