Na primeira entrevista desde que regressou a Portugal, o treinador Sá Pinto contou tudo sobre as primeiras semanas em Braga
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O sucessor de Abel Ferreira no comando técnico do Braga já se sente adaptado à nova realidade, a um clube com uma organização forte.
Que balanço faz do estágio de pré-época?
Foram dias importantes para nos conhecermos, para falarmos sobre as regras, perceber as necessidades e expectativas de cada um dos jogadores, saber como são socialmente, criar dinâmicas de grupo e ainda para trabalharmos os grandes comportamentos e princípios de jogo.
Ficou surpreendido com o que encontrou?
Até agora tem sido um grupo dentro daquilo que eu esperava: ambicioso e profissional. Espero que isso não se altere, independentemente das opções que eu tome, muitas delas difíceis, que podem vir a provocar o descontentamento de alguém, o que será normal. Por mim estará sempre tudo bem se todos souberem viver em grupo e com esse tipo de situações. A época é longa, vamos estar envolvidos em três competições, que espero sejam quatro com a Liga Europa, e haverá espaço para todos jogarem e ajudarem. Espero que os jogadores se mantenham fiéis a esta mensagem. Encontrei um grupo persistente, que nunca desiste, mas também com margem para evoluir.
Chegou com a pré-época em andamento. Como foi a sua adaptação?
Sinto que me adaptei bem ao grupo, ao que o grupo gosta, à sua essência, dinâmica, alegria, convívio, comunicação e regras. Isso está totalmente definido e nem sequer houve grandes mudanças. A organização do Braga é muito forte e, por isso, fica tudo mais fácil. Neste clube não temos de nos desgastar com determinadas situações, porque elas já estão naturalmente instituídas. Sendo assim, quando há regras e organização, é muito fácil para um treinador adaptar-se. Para além disso, também sou uma pessoa muito fácil de perceber, até na ideia de jogo - os jogadores sabem sempre por que estão a fazer determinados exercícios. Em termos de liderança, não sou um laissez faire, sou um democrata, mas dentro daquilo que acho que é normal. Conhecemos o compromisso e a exigência deste clube e temos de estar todos alinhados. Gosto de conversar e de entender os jogadores e tenho sempre uma relação muito frontal com eles. Não sou capaz de divagar ou de utilizar terceiros para passar uma mensagem. Tenho uma relação aberta e franca com os jogadores. Já sei que, por vezes, eles não vão concordar com as minhas opções, o que é perfeitamente normal. Nessas alturas, quero que eles me digam nos treinos, através do trabalho, "estou aqui, quero mais oportunidades". Para além disso, quando não estiverem satisfeitos, os jogadores podem ligar-me ou irem ao meu gabinete para falarmos.
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Tem-se visto os jogadores fazerem pressão alta e a quererem ser dominadores. António Salvador pediu-lhe uma equipa mais afirmativa?
Não, por acaso o presidente não me pediu nada de especial. Não me pediu nada com que eu não me identificasse. Este é um clube muito ambicioso e eu também sou uma pessoa ambiciosa. Estamos em sintonia perfeita. A partir daqui, é muito fácil entendermo-nos. Agora, provavelmente iremos discordar aqui ou acolá no futuro, mas isso para mim nunca será um problema. A verdade é que, se não for assim, também é tudo demasiado floreado, e nós os dois não somos assim. Sou uma pessoa com ideias muito próprias, sei o que quero para o jogo do Braga, e acredito muito nessas ideias. Os jogadores também estão a acreditar nessas ideias e agora temos é de ir melhorando. Há coisas que já são visíveis, mas com o tempo vão ser ainda mais notórias. Mas não posso mentir e dizer que daqui a três semanas, quando tivermos o primeiro jogo, já vamos ver o Braga que todos queremos. Isto é um processo contínuo e esta equipa ainda tem muito para crescer. Agora, nestas três semanas queremos chegar a um nível que nos permite ganhar na Liga Europa, e eu sei que vamos ganhar. O caminho é este e não voltaremos para trás. E depois de conquistarmos alguma coisa, vamos sempre partir para a conquista seguinte.
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