A infância de Iuri Medeiros: "Porquê ir às aulas se posso jogar futebol a manhã inteira?"

A infância de Iuri Medeiros: "Porquê ir às aulas se posso jogar futebol a manhã inteira?"

Iuri Medeiros vai completar 100 jogos pelos arsenalistas em Chaves. Pedro Serpa, que o treinou nos Açores, conta episódios de "um predestinado". O então coordenador da formação do Sporting da Horta conta que o extremo faltava à escola porque os intervalos "só tinham 20 minutos" e não davam, por isso, para fazer o que mais gostava: jogar futebol.

A visita a Chaves ficará na história do percurso de Iuri Medeiros no Braga. No jogo marcado para o dia 2 de abril, o extremo açoriano vai completar 100 jogos pelos bracarenses, atingindo uma marca histórica no clube que representa desde o verão de 2020, e onde chegou proveniente do Nuremberga.

Depois de ter feito 300 jogos como profissional na receção ao FC Porto, na jornada anterior da I Liga, o extremo que começou no Sporting da Horta, clube da ilha do Faial, onde nasceu, é o nono jogador do plantel no ranking dos mais utilizados de sempre no Braga, liderado por Ricardo Horta, que soma 315 jogos.

Aos dez anos, quando jogava nas escolinhas do Sporting da Horta, Iuri Medeiros "já dava nas vistas." "A bola já lhe colava ao pé esquerdo, e era tão bom que treinava frequentemente connosco nos juvenis, onde estavam os irmãos, Dário e Tiago", recorda Pedro Serpa, então coordenador da formação e treinador dos juvenis do emblema açoriano.

Agora treinador da formação no Fayal Sport Club - o quinto clube mais antigo de Portugal - e jornalista da RTP, Pedro Serpa conta que, quando era iniciado, Iuri "cometeu uma proeza memorável para os Açores." Pela seleção da AF Lisboa, foi o melhor jogador e melhor marcador do Torneio Lopes da Silva, competição organizada pela FPF para escalões de formação.

Quando começou no Sporting da Horta era "muito pequenino, franzino, mas já um predestinado e um diamante em bruto por lapidar." Iuri só queria "saber da bola e não gostava nada da escola", lembra-se Pedro Serpa, contando um episódio curioso: "Quando estava no segundo ano, no âmbito de um projeto, fui dar aulas de futebol à escola dele e a professora perguntou-me se ele ia aos treinos, porque estava a faltar há quatro dias. Perguntei-lhe no treino porque não ia à escola e ele respondeu: "Ó míster, os intervalos só são de 20 minutos! Porque é que hei de ir às aulas se no campo à porta de minha da casa posso jogar a manhã inteira?""

O extremo provou, depois, que estava no caminho certo. "O Dário, um dos irmãos, foi o melhor jogador que treinei, mas o Iuri mostrou que é um grande profissional. Ganhou experiência no estrangeiro e o Braga apareceu na altura certa. Assentou-lhe como uma luva porque lhe deu a oportunidade de se afirmar e de mostrar todo o seu valor", completa Serpa.