"Boavista? Futebol fantástico, a espaços, e, noutras alturas, perguntavas que equipa é esta..."

"Boavista? Futebol fantástico, a espaços, e, noutras alturas, perguntavas que equipa é esta..."

Kenji Gorré vai despedir-se do Boavista e de Portugal depois do jogo em Chaves, acabando uma ligação de duas temporadas aos axadrezados,

Kenji Gorré vai despedir-se do Boavista e de Portugal depois do jogo em Chaves, acabando uma ligação de duas temporadas aos axadrezados, onde marcou presença em 65 jogos e assinou seis golos. Aos 28 anos, e, em final de contrato, o extremo formado no Manchester United, internacional por Curaçau, quer sair em grande do Bessa, rumar à seleção e, muito em breve, definir o futuro.

De visita a Portugal esteve mais uma vez o pai Dean Gorré, antigo craque holandês, originário do Suriname, campeão no Feyenoord em 1992/93 e Ajax em 1997/98. Foi também um extremo, passando essa genética feita de velocidade e fantasia a Kenji. Falou com o O JOGO.

"É um jogo excitante para ele, está em final de contrato, tem imensas ofertas e está perto de tomar uma decisão, que esperamos que seja a melhor. Kenji melhorou sempre em cada ano em Portugal, tornando-se melhor jogador ao longo das suas passagens por Nacional, Estoril e Boavista. Agora com 28 anos sabe que este próximo contrato é muito importante", anuncia Dean, afastando para já a possibilidade do jogador seguir em Portugal, embora acredite que ele possa voltar a jogar no nosso país, até porque tem um projeto de vida já bem assente.

"Ele adora Portugal e já me garantiu mais que uma vez que, depois de acabar a carreira, viverá em Portugal. Ele viveu anos fantásticos. Mas, neste momento, não existem ofertas de cá, tem muito por onde escolher, entre voltar à Holanda, voltar a Inglaterra ou experimentar campeonatos como o turco e o alemão. Penso que não irá demorar a escolher o próximo passo", explica Dean, hoje com 52 anos, refletindo sobre a carreira do filho, na medida em que foi apontado a um futuro brilhante na academia do Manchester United.

"As nossas carreiras são muito diferentes, acabei por ser campeão em dois gigantes da Holanda, joguei a Liga dos Campeões. Mas Kenji não se queixa do que colheu, viveu anos lindos em Manchester, estreou-se na Premier League pelo Swansea, jogou a Liga Holandesa e estes cinco anos fantásticos em Portugal, vivendo na Madeira, Lisboa e Porto. Gozou de um bom estilo de vida", opina.

"Agora é difícil pensar no topo, ele tem de ser realista. Eu sei que ele tem nível suficiente para jogar nas melhores equipas mas também é preciso um pouco de sorte", argumenta Dean Gorré.

Sobre o balanço da estadia no Bessa, Dean deixa aprovações e questões.

"Tive pena, este Boavista não foi consistente. Jogaram um futebol fantástico, a espaços, e, noutras alturas, perguntavas que equipa é esta! Havia muito potencial, mostraram alto nível em certos jogos. Sei que para Kenji foi a época que ele mais desfrutou. Deixa o Boavista adorado pelos adeptos, também muito em razão da sua peronalidade, pois é amigável e sociável. Ele vai levar o Boavista no coração", garante Dean Gorré.

"Este jogo é o último da época e o último pelo Boavista, é muito importante para ele enriquecer as memórias. Devia ter marcado mais golos, ele sabe, é algo que tem trabalhado arduamente para melhorar. Mas também o treinador não o fez jogar algumas vezes, não entendi as razões. Podia ter jogado e, assim, marcado mais golos", conta o pai, deixando uma crítica às opções de Petit, baseando-se no facto de Kenji ter sido suplente utilizado em 15 dos 32 jogos em que participou em 22/23.

De saída de Portugal, Dean está agora bem mais preenchido pelas recordações da cidade Porto, depois ter vivido uma incrível eliminatória de acesso à Taça dos Campeões de 1993/94, em que o Feyenoord de Ed de Goey, Van Gobbel e John De Wolf, foi superado pelos dragões, numa incrível resistência de um onze defensivo escalonada por Ivic para a Baía de Roterdão. Mais tarde voltaria ao Porto pelo Ajax...