Boavista 2019/20: com Lito Vidigal mais vale desconfiar sempre

Boavista 2019/20: com Lito Vidigal mais vale desconfiar sempre
Mónica Santos

Tópicos

Acelerar a criação de rotinas na defesa foi uma prioridade numa pré-temporada que soube a pouco no capítulo ofensivo, embora o único reforço com experiência na I Liga esteja nesse sector.

Lito Vidigal não é homem de ficar muito tempo no mesmo clube. Desde que iniciou a carreira, em 2003/04, n"O Elvas, foram poucas as vezes em que pegou numa equipa desde o início e menos ainda aquelas em que a conduziu até ao limite da temporada.

É um jogador nato, num conceito que vai para lá do futebol: matreiro, não se importa com o que dizem dele, desde que chegue onde quer. Nesta pré-época, aponta-se ao Boavista poucos golos marcados. No entanto, pouco se viu do que poderá vir a ser o ataque titular, nas seis ocasiões em que a equipa jogou à vista de todos. O que nunca escondeu, porque não era do interesse dele, foi a defesa: é aí que começam a ganhar-se os jogos e era imperioso que Edu Machado, Ricardo Costa e Neris criassem rotinas - Talocha foi, entretanto, subtraído a esse processo. A meio-campo, Obiora e Rafael Costa foram objeto do mesmo cuidado. Sobra o sector ofensivo e aí, embora com apenas dois golos marcados, é de desconfiar que o ataque do xadrez venha a ser assim tão anémico. Quem tem Heriberto, Yusupha, Bueno e Gustavo Sauer e Mateus tem, forçosamente, de valer mais.

O JÓQUER

Yusupha continua a ser uma fonte de inspiração

Quase tudo o que se pode escrever acerca dos jogadores mais valiosos do Boavista estará condicionado por quaisquer súbitas movimentações do mercado e Yusupha, embora jovem, é experimentado na matéria. Há um ano, o atacante que tem o futebol de alta qualidade no código genético esteve na iminência de se transferir para o Reims, no entanto, uma lesão não deixou que o negócio com os franceses se concretizasse. Uma longa recuperação depois, o atacante voltou e nem precisou de muitos jogos para voltar a assumir um papel destacado no sector ofensivo. No desenho do xadrez para o campeonato que se iniciou ontem, Yusupha volta a ser a principal fonte de inspiração para os golos e, simultaneamente, um dos ativos mais interessantes para o mercado. Só mesmo quando as inscrições fecharem os boavisteiros poderão suspirar de alívio.

PLANTEL

Guarda-redes:

Helton Leite (Boavista)
Rafael Bracali (Boavista)
João Gonçalves (Boavista)

Defesas:

Neris (Boavista)
Lucas Tagliapera (Barra FC)
Gustavo Dulanto (Real Garcilaso)
Ricardo Costa (Tondela)
Marlon (Fluminense)
Breno (Boavista)
Walter Clar (Sol de América)
Carraça (Boavista)
Edu Machado (Boavista)

Médios:

Obiora (Boavista)
Idris (Boavista)
Rafael Costa (Boavista)
Tomás Reymão (Boavista)
Ackah (Boavista)
Fernando Cardoso (Boavista)
Paulinho (Olimpia Assunción)
Fábio Espinho (Boavista)

Avançados:

Heriberto Tavares (Moreirense)
Gustavo Sauer (Boavista)
Mateus (Boavista)
Bulos (Deportivo Municipal)
Perdigão (Boavista)
Alberto Bueno (Boavista)
Yusupha Njie (Boavista)
Cassiano (CS Alagoano)

Equipa técnica:

Treinador - Lito Vidigal
Treinador adjunto - Neca
Treinador adjunto - Jorge Couto
Treinador adjunto - Hugo Relvas
Treinador adjunto - Octávio Moreira
Preparador físico - Fidalgo Antunes
Treinador de GR - Alfredo Castro

OPINIÃO (por Mónica Santos)

Finalmente, tempo de mudança

O que quer que seja que a nova temporada traga ao Boavista, será muito difícil travar o processo de recuperação iniciado na época passada - não na tabela classificativa e nem nos tribunais, onde os credores do caos económico do início do século continuam à espera de ser ressarcidos. A impressionante, enternecedora recuperação foi operada nas bancadas, com a política do novo presidente para encher de novo o Bessa. Não é fácil herdar uma casa de 20 mil lugares e nem jogar num recinto onde, sistematicamente, há demasiados anos, sobram cadeiras. Vítor Murta abanou com a estrutura do Bessa ao promover o regresso em massa dos adeptos, com bilhetes a preços acessíveis e muitos oferecidos, tudo para devolver àquelas paredes o calor humano de outrora. A resposta dos adeptos foi espantosa, o ambiente recuperou tons dos tempos em que a equipa lutava pela Europa e, à boleia desse entusiasmo, sentiu-se que o Boavista voltou. Nesta nova época, o capital humano continua a ser prioritário para quem permanece concentrado no absoluto rigor económico. A Europa, agora, fica mais longe na tabela, mas o Bessa voltou a ser um sítio bom para sonhar, e essa é já uma vitória tremenda.