Regresso às origens: Veríssimo pondera colocar Diogo Gonçalves a extremo
Após ser aposta de Jorge Jesus como defesa/ala direito, o camisola 17 das águias pode ser recuperado como extremo
A chegada de Nélson Veríssimo ao comando da equipa principal do Benfica é recente mas, aos poucos, começam a projetar-se algumas mudanças no plantel encarnado, assim como vai arrancando a implementação das ideias que o ex-treinador da formação secundária das águias pretende ver aplicadas em pleno já nos próximos jogos.
Alteração de base e de maior peso foi, como já se viu no clássico para o campeonato frente ao FC Porto, o regresso da linha de quatro defesas, ao contrário da de três centrais de Jorge Jesus. Essa mudança é para continuar a ser trabalhada e, dela, resulta também uma perspetiva de alteração do papel que Diogo Gonçalves tem a representar no Benfica daqui em diante: conhecedor pleno das qualidades do jogador de 24 anos, com quem trabalhou na equipa B enquanto adjunto, Veríssimo pondera "recuperar" o jogador para a função de extremo, onde cumpriu, aliás, todo o seu crescimento como atleta no clube, abdicando dele como uma das opções para a lateral direita.
Aliás, frente aos Dragões, o jogador já saiu do banco na reta final precisamente para o lugar de Everton, ficando aqui mais um sinal do que podem ser os planos de Veríssimo.
Com Jorge Jesus, em particular quando o 3x4x3 e 3x5x2 se tornaram a matriz principal do jogo das águias, Diogo Gonçalves surgiu como um dos intérpretes na ala direita dada a sua apetência e características ofensivas. A "sentença" de qual era o seu papel foi dada de forma explícita por Jorge Jesus a 3 de março do ano passado, depois de um Benfica-Boavista: "[Diogo Gonçalves] vai ter uma carreira melhor a jogar como lateral direito, não há dúvidas. Não é por acaso que o puxei para lateral mas pode melhorar mais. Defensivamente, compete-me a mim ensinar-lhe e ele está a aprender. Não tenho dúvida que pode ser um excelente lateral direito e não tenho dúvida que nunca vai ser um excelente ala direito", frisou o então técnico.
Veríssimo, sem esquecer a evolução tática que o jogador teve na anterior gestão, vê as coisas de outra forma, até porque, jogando com uma linha de quatro defesas, as qualidades atacantes de Diogo Gonçalves esbatem-se mais. Neste momento e para a posição, há também a concorrência direta de Gilberto, a atravessar a melhor fase desde que chegou ao Benfica e de André Almeida que, também na reavaliação e requalificação do plantel do Benfica feita por Veríssimo, volta a ser visto preferencialmente como defesa direito e não central. A estes dois junta-se ainda Lazaro, lateral também de raiz.
Ou seja, o espaço de Diogo Gonçalves como defensor acaba reduzido, sendo que nas posições mais adiantadas, dará luta a Rafa, Pizzi ou Everton, podendo ainda ser opção, se Veríssimo também aí olhar para a "escola" de Diogo Gonçalves, alinhar nas costas do ponta de lança.
Em fase ainda de conhecimento mais profundo do grupo que tem em mãos, o novo técnico das águias sabe bem o que vale Diogo Gonçalves em terrenos mais avançados, dado que foi adjunto de Hélder Cristóvão na equipa B nos anos em que o jovem ali brilhou, entre 2014 e 2018, até se estrear na equipa principal às ordens de Rui Vitória. Foi a 9 de agosto de 2017, sendo então lançado apenas um minuto em campo, na receção ao Braga para a Liga. Quanto à primeira vez que foi titular, aconteceu contra um colosso europeu, o Manchester United na Luz para a Liga dos Campeões, que o Benfica perdeu por 1-0.
Sempre a perder gás com Jorge Jesus
Com apenas 13 presenças em 2017/18, Diogo Gonçalves viu-se cedido ao Nottingham Forest, do segundo escalão inglês, para ganhar minutos na temporada seguinte mas só fez dez partidas.
De volta a Portugal, passou pelo Famalicão onde confirmou os seus talentos atacantes: fez sete golos e seis assistências nas 34 partidas realizadas (27 na liga portuguesa). Em 2020/21, já no Benfica e como lateral, Gonçalves entrou em 31 partidas, num registo que teve mais uma quebra na atual temporada. Até à saída de Jesus, o jogador formado no Benfica apenas alinhou em 14 encontros, somando 660 minutos de competição e sempre como ala.
Ferro e Gedson procuram conquistar espaço para ficar
Pelo passado que tem como treinador no Benfica, Nélson Veríssimo tem um conhecimento prático e mais profundo dos atletas que passaram pela formação e pela equipa B. São os casos de Ferro (na foto) e de Gedson, ambos em subutilização durante a passagem de cerca de época e meia de Jorge Jesus pelo clube e que, agora, esperam dispor de mais algum espaço nas opções. Ferro tem apenas 135 minutos nas pernas e Gedson ainda menos, ficando-se pelos 109 minutos. A dupla já foi apontada à saída mas o seu futuro está por definir.