O suspeito foi identificado como Jack Teixeira, de 21 anos, neto de portugueses
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Um membro da Guarda Aérea Nacional de Massachusetts, Estados Unidos, considerado suspeito principal na fuga de documentos militares altamente confidenciais sobre a guerra na Ucrânia, identificado como Jack Teixeira, foi detido por agentes federais norte-americanos.
O procurador-geral norte-americano, Merrick Garland, afirmou que o suspeito foi detido "sem incidentes" e será indiciado ainda no tribunal distrital federal de Massachusetts, citado pelo New York Times.
"Hoje, o Departamento de Justiça prendeu Jack Douglas Teixeira em conexão com uma investigação sobre suposta remoção, retenção e transmissão não autorizada de informações classificadas de defesa nacional. Teixeira é funcionário da Guarda Nacional da Força Aérea dos Estados Unidos", confirmou Garland.
"Agentes do FBI prenderam Teixeira no início da tarde sem incidentes e ele terá uma audiência inicial no Tribunal Distrital dos Estados UNidos para o Distrito de Massachusetts", acrescentou o procurador-geral.
Garland indicou que a investigação está em andamento e que mais informações serão partilhadas no "momento oportuno".
Os investigadores do FBI acreditam que este militar, especialista em informações, era o administrador de um grupo nas redes sociais onde os documentos começaram a ser divulgados, na passada semana.
O suspeito foi identificado como Jack Teixeira, de 21 anos, neto de portugueses.
O surgimento de Teixeira como o aparente principal suspeito é o mais recente desenvolvimento relacionado com a maior fuga de informação do género dos últimos anos, com revelações quase diárias de documentos altamente confidenciais.
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Teixeira foi detido por possível participação no "desvio, retenção e transmissão não autorizada de informações classificadas de defesa nacional", disse Garland, rodeado por altos funcionários do Departamento de Justiça e do FBI em Washington.
Agentes do FBI armados dirigiram-se para a casa do jovem em Massachusetts e agentes fortemente armados levaram um homem sob custódia que vestia t-shirt e calções, de acordo com a AP.
Os polícias isolaram a rua perto da casa onde o jovem reside.
"Hoje, o FBI levou Jack Douglas Teixeira, de 21 anos, sob custódia sem incidentes numa residência em North Dighton, Massachusetts, pelo seu suposto envolvimento no vazamento de documentos militares e do Governo norte-americano classificados", disse um porta-voz do FBI ao jornal New York Times.
O FBI continua a conduzir atividades autorizadas de aplicação da lei na residência. Desde o final da semana passada, o FBI tem buscado agressivamente pistas investigativas e a prisão exemplifica o nosso compromisso contínuo em identificar, perseguir e responsabilizar aqueles que traem a confiança do nosso país e colocam nossa segurança nacional em risco", acrescentou.
O New York Times, que identificou publicamente Teixeira, indicou que o jovem é membro da ala de inteligência da Guarda Aérea Nacional de Massachusetts e está ligado a um grupo online onde os documentos divulgados apareceram pela primeira vez.
O FBI disse em comunicado que fez uma detenção e que continua a conduzir "atividades policiais autorizadas" numa residência em North Dighton, no estado de Massachusetts.
"Estamos cada vez mais perto (de descobrir a origem da fuga)", admitira já o Presidente Joe Biden, acrescentando que, embora estivesse preocupado com a divulgação de documentos confidenciais, não há nada neles que considere "de grande importância".
As autoridades norte-americanas admitem que a fuga tenha começado na Internet, na Discord, uma plataforma de redes sociais popular entre pessoas que jogam online.
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A Discord acolhe chats de voz, vídeo e texto em tempo real para grupos e descreve-se como um 'site' "onde se pode pertencer a um clube escolar, um grupo de jogos ou uma comunidade artística mundial".
Num desses fóruns - originalmente criado para tratar de diversos assuntos - os membros debatiam a guerra na Ucrânia, quando um membro não identificado compartilhou documentos que alegou serem classificados.
Esses documentos acabariam por ser reconhecidos como contendo informações confidenciais do Pentágono.
A pista digital deixada na Discord está a ajudar os investigadores a descobrir quem revelou os documentos, tendo levado até ao administrador do grupo, Jack Teixeira.
Na maioria das fotografias de documentos divulgados, as fotos são de cópias em papel que parecem ter sido dobradas em quatro -- como se tivessem sido enfiadas no bolso e depois digitalizadas, o que poderá servir de pista para a investigação.
Mesmo que a pessoa que procedeu à divulgação dos arquivos seja um membro ativo das Forças Armadas dos EUA -- como parece ser o caso, com o nome deste membro da Guarda Aérea Nacional - o Departamento de Justiça manterá a condução das investigações, até que, perante essa hipótese, a situação seja comunicada ao Departamento de Defesa.
Foi assim que sucedeu em casos criminais anteriores envolvendo militares, como quando dois fuzileiros navais de Camp Pendleton, na Califórnia, foram detidos por acusações de tráfico de drogas, em 2020.