Inspetor da Polícia Judiciária revela que foi o criador da plataforma Football Leaks que abriu os discos rígidos.
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O inspetor José Amador disse esta quinta-feira em tribunal que a Polícia Judiciária (PJ) não teve conhecimento das "passwords" de acesso aos discos encriptados de Rui Pinto, por ter sido essa opção do criador do Football Leaks.
"A opção foi o arguido controlar esse momento e introduzir as credenciais. Não somos fiéis depositários, a opção foi dele. Não queria revelar quais eram as credenciais de acesso", disse José Amador, na sétima sessão de julgamento, a decorrer no Tribunal Central Criminal de Lisboa.
O inspetor, que está a ser inquirido pelo quarto dia consecutivo, explicou, quando questionado pelo coletivo de juízes, que era o arguido que mantinha o controlo do acesso aos discos, no âmbito das cópias efetuadas pela polícia francesa.
"Nós não temos nenhuma utilidade enquanto colaboradores de outras jurisdições", acrescentou.
Sobre a colaboração de Rui Pinto com a polícia judiciária, em questão levantada pelo Ministério do Público, o inspetor da PJ adiantou que a situação foi proposta logo após a chegada, mas que isso não aconteceu logo.
"Desde o primeiro dia da chegada [de Rui Pinto a Portugal] foi tentada essa colaboração, houve reuniões, mas não foi possível porque o arguido assim não o entendeu", revelou o inspetor, acrescentando que apenas no final de março, início de abril, houve uma alteração de postura por parte de Rui Pinto.
Em relação à tentativa de colaboração de Rui Pinto com a Eurojust, José Amador desvalorizou-a, afirmando que "não era possível" na forma que era pretendida pelo arguido.
Entre os documentos analisados nos discos pela PJ, constava uma comunicação com a Europol, de um nível de segurança muito elevado.
"Um protocolo, que é um caminho interno, criptografado e com níveis de segurança muito elevados", explicitou o inspetor, e que essa situação criou dúvidas se havia algum nível de compromisso, mas que não foi encontrado nenhum indício de vulnerabilidade.
José Amador explicou que essa comunicação dizia respeito ao agendamento de uma reunião em Haia entre as autoridades portuguesas, espanholas e húngaras, num objetivo de uma operação concertada no âmbito do Football Leaks, mas que a mesma não teve consequências.