Putin: "Sabemos que estão a pedir aos vossos cidadãos para apertarem os cintos, para se vestirem mais quentes"
Presidente russo, Vladimir Putin, admitiu que a Rússia venha a gerir os ativos das empresas estrangeiras que deixam o país, como forma de superar as consequências das sanções internacionais impostas após a invasão da Ucrânia.
Corpo do artigo
Presidente russo, Vladimir Putin, admitiu que a Rússia venha a gerir os ativos das empresas estrangeiras que deixam o país, como forma de superar as consequências das sanções internacionais impostas após a invasão da Ucrânia.
Durante uma reunião governamental, citado pelas agências russas, Putin sublinhou a necessidade de ação "face àqueles que vão fechar as suas fábricas de produção".
"Temos de agir decisivamente. (...) Teremos que introduzir a gestão externa e depois transferir estas empresas para aqueles que querem trabalhar. Há instrumentos legais suficientes, instrumentos de mercado", prosseguiu.
"Não nos vamos fechar a ninguém, estamos abertos a trabalhar com todos os nossos parceiros estrangeiros que assim o desejem. Os direitos dos investidores e colegas estrangeiros que permanecem e trabalham na Rússia devem ser protegidos de forma fiável", apontou.
Centenas de empresas estrangeiras de bens e serviços, em muitos setores, anunciaram a saída ou cessação das operações na Rússia desde o início da ofensiva contra a Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Putin disse ainda que as sanções podem conduzir a uma inflação global dos preços dos alimentos, uma vez que a Rússia não será capaz de exportar fertilizantes suficientes.
"Se continuar assim, terá graves consequências (...) para o setor alimentar como um todo. O aumento da inflação será inevitável", afirmou.
14663148
"Sobre os países que estão a tomar medidas hostis em relação ao nosso país e à nossa economia, sabemos muito bem que estão a pedir aos vossos cidadãos para apertarem os cintos, para se vestirem mais quentes. E falam das sanções que nos estão a impor como a razão da deterioração da vossa situação", acusou.
O Presidente russo disse que "tudo parece muito estranho", porque, reforçou, a Rússia está "a cumprir todas as obrigações no domínio do fornecimento de energia".
Ao mesmo tempo, manifestou confiança de que a Rússia conseguiria ultrapassar as dificuldades criadas pelas sanções ocidentais com a ajuda de países que não as apoiam.
"Nós, juntamente com os nossos parceiros que não reconhecem estas ações ilegais, iremos certamente encontrar uma solução para todos os problemas que nos estão a tentar criar", asseverou.
Putin negou ainda que a Rússia seja culpada pelo aumento dos preços do petróleo nos Estados Unidos (EUA), e disse que foi decisão de Washington de deixar de importar combustíveis russos.
Finalmente, salientou que os EUA estão a tentar culpar a Rússia "pelos seus próprios erros" e que estão agora a tentar a compra de petróleo a países que anteriormente estavam na mira das suas sanções, como o Irão ou Venezuela, e que o mesmo vai acontecer em relação à Rússia.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
14669287