Teerão, 05 jun 2019 (Lusa) -- O guia supremo iraniano, o ayatollah Ali Khamenei, criticou hoje o plano de paz norte-americano para o conflito israelo-palestiniano, cuja componente económica deve ser divulgada em breve, classificando-o de "grande traição do mundo islâmico".
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A Casa Branca anunciou em maio que organiza com o Bahrein uma conferência nos próximos dias 25 e 26 em Manama sobre a componente económica do plano.
Esta esteve a ser promovida durante uma deslocação regional de Jared Kushner, encarregado há dois anos pelo presidente Donald Trump, do qual é genro e conselheiro, de conseguir o "acordo final" entre israelitas e palestinianos.
A conferência deve reunir dirigentes de vários governos, da sociedade civil e do mundo dos negócios.
A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, aliados de Washington, anunciaram a sua participação.
"O objetivo desta conferência é concretizar um plano traiçoeiro e desprezível dos Estados Unidos para a Palestina", disse Khamenei durante a oração do Aid al-Fitr (a celebração muçulmana que marca o fim do jejum do Ramadão), transmitida pela televisão estatal.
"O 'acordo do século' (designação de Trump para o plano) é uma grande traição do mundo islâmico. Se Deus quiser nunca se realizará. Esperamos que os dirigentes do Bahrein e da Arábia Saudita se deem conta do atoleiro em que se meteram", adiantou o 'número um' do Irão.
Os dirigentes palestinianos anunciaram que não se deslocarão ao Bahrein.
Boicotando a administração norte-americana desde que Washington reconheceu Jerusalém como a capital de Israel em dezembro de 2017, declararam que se opõem a qualquer tentativa visando promover "uma normalização económica da ocupação israelita", nas palavras de Saeb Erakat, secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina.
Na passada sexta-feira, milhares de iranianos, entre os quais o presidente Hassan Rohani, manifestaram-se em Teerão no tradicional Dia de Jerusalém em apoio aos palestinianos e contra o plano de paz norte-americano.
Em comentários divulgados hoje no seu site oficial, Khamenei afirma que a República Islâmica não tem o mesmo ponto de vista "dos líderes árabes que no passado acreditavam que os judeus deviam ser lançados ao mar", defendendo que um referendo seria uma solução para o conflito israelo-palestiniano.
O referendo, com "a participação dos muçulmanos, cristãos e judeus da Palestina, assim como dos refugiados palestinianos", seria sobre "um sistema de governo", adiantou.
