Petições e detenções marcam protestos na Rússia contra mobilização militar. Veja as imagens
O ministério público de Moscovo já avisou de que a participação em tais manifestações ou a mera difusão das respetivas convocatórias poderá constituir crime
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Várias dezenas de pessoas foram detidas em diversas cidades da Rússia por alegadamente participarem em protestos contra a mobilização de reservistas hoje anunciada pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
A organização de defesa dos direitos civis OVD-Info iniciou já a sua própria contabilização das manifestações e confirmou pelo menos 44 detenções, embora seja previsível que o número venha a aumentar, devido às convocatórias para protestos à tarde.
Contas das redes sociais ligadas à oposição na Rússia, entre as quais a do dirigente da oposição Alexei Navalny, difundiram vídeos que supostamente mostram estes primeiros protestos.
O ministério público de Moscovo já avisou de que a participação em tais manifestações ou a mera difusão das respetivas convocatórias poderá constituir crime, depois de terem sido publicados na internet os primeiros apelos para protestar contra o envio de militares na reserva em idade de combate para a guerra na Ucrânia.
Segundo o ministério público, a convocação dessas manifestações não foi coordenada com as autoridades pertinentes, que devem autorizar qualquer ação desse tipo. As autoridades russas não permitem qualquer concentração contrária às diretrizes do Governo.
Uma petição contra a mobilização, parcial ou total, na Rússia, reuniu mais de 179.000 assinaturas na plataforma Change.org, cujo número disparou após o Presidente russo, Vladimir Putin, ter mobilizado 300.000 reservistas para a Ucrânia.
"Nós, cidadãos da Rússia, homens e mulheres, pronunciamo-nos contra uma mobilização parcial ou geral. O Presidente Vladimir Putin não tem, e não pode ter, fundamentos legais ou causas argumentadas e ponderadas para anunciá-la", afirma a petição.
O texto acrescenta que os russos não estão dispostos a submeter os seus irmãos, filhos, maridos, pais e avós a perigos físicos e morais na "situação atual de incerteza".
"Esta petição estará em vigor durante todo o período da operação militar especial no território da Ucrânia e até que termine", acrescenta a petição, que adicionou dezenas de milhares de assinaturas nas últimas horas.
Putin anunciou uma "mobilização parcial" dos cidadãos do país, quando a guerra na Ucrânia está quase a chegar ao sétimo mês do conflito, numa mensagem dirigida à nação.
A medida, que entra já em vigor, é justificada com a necessidade de defender a soberania e a integridade territorial do país.
A Rússia, que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, está pronta a utilizar "todos os meios" ao seu dispor para "se proteger", declarou Putin, que acusou o Ocidente de procurar destruir o país.
O anúncio de "mobilização parcial" dos russos em idade de combater abre caminho para uma escalada no conflito na Ucrânia.
"Considero necessário apoiar a proposta [do Ministério da Defesa] de mobilização parcial dos cidadãos na reserva, aqueles que já serviram (...) e com uma experiência pertinente", declarou.
"O decreto sobre a mobilização parcial foi assinado" e entra hoje em vigor hoje, acrescentou Putin, sublinhando "falar apenas de mobilização parcial", numa resposta a rumores surgidos nas últimas horas sobre uma mobilização geral.
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