Famoso "whistleblower" (denunciante) responsável pela fuga de informação da National Security Agency (NSA) relativa a utilização abusiva de dados pessoais de cidadãos norte-americanos apoia Rui Pinto.
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Edward Snowden, o famoso "whistleblower" (denunciante) responsável pela fuga de informação da National Security Agency (NSA) relativa a utilização abusiva de dados pessoais de cidadãos norte-americanos, foi uma das 45 testemunhas de defesa arroladas por Rui Pinto para o julgamento do processo Football Leaks.
Num testemunho de aproximadamente nove minutos, Snowden explica porque defende o denunciante português.
"O meu nome é Edward Joseph Snowden. Gostaria de falar sobre o que vejo como a tensão entre a necessidade do ato de denúncia para o público e o valor por este criado, e a lei estabelecida. Até as leis mais perfeitas, criadas pelos legisladores mais conhecidos, nunca conseguirão captar todas as variantes e complexidade das circunstâncias que dão origem ao ato de denúncia", começa por dizer.
"Sendo direto, um ato de denúncia não pode ser qualificado ou desqualificado pelo cumprimento rigoroso da lei durante os atos de investigação de revelação. Em muitos casos, é impossível. Muitas vezes de forma deliberada, instituições e indivíduos com influência na sociedade têm todos os incentivos para impedir uma investigação das suas atividades", acrescenta.
"Um ato de denúncia tem de ser julgado pelo facto de ser ou não do interesse público. O indivíduo e as suas circunstâncias, embora sejam materiais e relevantes nalguns contextos, não são o fator mais importante. Entendo que alguns tribunais não se sintam confortáveis em abrir uma exceção para o ato de denúncia. Mas a natureza do ato é essa. É um ato excecional, que tem um custo. Em muitos casos, é um ato de autoimolação para aquele que denuncia", continua, antes de falar do caso específico de Rui Pinto.
"Até um ato criminoso pode ser um ato de serviço público. O resultado final de qualquer ato de denúncia é encontrado nas suas consequências. Não se trata de como nos deparámos com o caso, mas sim até onde o caso nos levou. A direção da nossa viagem é relevante e deve ser considerada. Mas no final nós julgamos um ato social pelos seus resultados sociais. Acredito que no caso do Rui Pinto, não há dúvida de que as histórias reveladas suscitaram interesse público e espero que concordem comigo", concluiu o responsável pela fuga de informação da National Security Agency (NSA) relativa a utilização abusiva de dados pessoais de cidadãos norte-americanos.