Lavrov e Blinken trocam acusações em reunião do Conselho de Segurança
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Os chefes da diplomacia russa e norte-americana trocaram hoje acusações numa reunião do Conselho de Segurança sobre a Ucrânia, com Serguei Lavrov a acusar o ocidente de falsas narrativas e Antony Blinken a pedir responsabilização pela guerra.
Os dois governantes discursaram numa reunião ministerial, convocada pela França, sobre "A luta contra a impunidade na Ucrânia", a qual contou ainda com a presença do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, do secretário-geral nas Nações Unidas, António Guterres, entre outros.
Na sua declaração, Antony Blinken disse que o Presidente russo, Vladimir Putin, deve ser responsabilizado por "destruir" a ordem internacional ao travar uma guerra contra a Ucrânia.
"A própria ordem internacional, pela qual nos reunimos aqui para defender, está a ser desfeita diante dos nossos olhos. Não podemos -- não vamos -- permitir que o Presidente Putin escape", frisou o secretário de Estado norte-americano.
Na visão de Blinken, o anúncio feito por Putin na quarta-feira, sobre os planos de mobilizar cerca de 300.000 reservistas quando os líderes mundiais se encontravam reunidos na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, foi uma indicação do "total desprezo de Moscovo" pelo Conselho de Segurança.
Além do anúncio de mobilização parcial, Putin recordou a importância do arsenal nuclear do seu país como argumento face à contraofensiva ucraniana.
Putin indicou que recorrerá a "todos os meios ao seu dispor para proteger" o país, numa alusão ao armamento nuclear: "Isto não é um 'bluff'", avisou durante um discurso à nação.
Nesse sentido, Antony Blinken pediu a todos os membros do Conselho de Segurança da ONU que "enviem uma mensagem clara de que as ameaças nucleares imprudentes [da Rússia] devem parar imediatamente".
"Digam-lhe para parar de colocar os seus interesses acima dos interesses do mundo, incluindo do seu próprio povo. Digam-lhe para parar de rebaixar este Conselho e tudo o que ele representa", apelou o norte-americano, dirigindo-se às missões diplomáticas ali presentes.
Por outro lado, Lavrov acusou a Ucrânia e o ocidente de tentar impor uma "narrativa completamente diferente" sobre o conflito, que coloca Moscovo como o agressor.
O ministro russo acusou a Ucrânia e os seus aliados de "impunidade" na região leste de Donbass, alegando que Kiev estava a negar direitos básicos à sua população russófona.
"As pessoas foram privadas das suas pensões de aposentação, subsídios, acesso à educação e direitos civis básicos", advogou Lavrov.
O líder da diplomacia russa acusou ainda o ocidente de armar a Ucrânia com o único objetivo de enfraquecer a Rússia e assegurou que esta política faz com que os Estados Unidos e a Europa sejam "parte" deste conflito.
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