Presidente da República recebeu, em Belém, representantes da União das Misericórdias Portuguesas e da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade. "O país precisa e vai precisar muito do setor social", defendeu.
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O Presidente da República defendeu, esta quarta-feira, que o país precisa e vai precisar muito do setor social durante longos meses após o fim da atual pandemia de covid-19, devido aos seus efeitos económicos e sociais. Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, onde hoje à tarde recebeu representantes da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS).
Questionado se teme que se rompa a rede de instituições particulares de solidariedade social (IPSS) em Portugal, o chefe de Estado respondeu: "O país precisa muito do setor social. Precisou por razões muito particulares de modo intenso durante a crise económica e financeira. Vai precisar, com os efeitos económicos e sociais da crise da saúde".
"Vai precisar por duas razões. Primeiro, porque esses efeitos vão ser mais longos do que a crise da saúde. Não são penas efeitos durante alguns meses, serão mais longos. Segundo, porque essas instituições cobrem todas as gerações, vão das creches até aos lares, centros de idosos de dia", argumentou.
O Presidente da República referiu que os idosos são "o grupo mais sensível e menos protegido para esta pandemia" e "um grupo que precisa muito desta cobertura social".
"Por isso é que eu pedi para falar com os responsáveis, para me inteirar de que está a ser feito tudo o que está ao seu alcance para manter essa confiança na sociedade portuguesa, porque vai ser muito importante para o futuro, para o próximo e para o longínquo", justificou.
Marcelo Rebelo de Sousa destacou a situação dos lares e disse que lhe foi reportado que "o levantamento que fizeram a nível de país permitia de alguma maneira sossegar as pessoas que ficaram preocupadas" quanto às condições de funcionamento destes equipamentos sociais.
"Daí a preocupação com o ir acompanhando o estado de saúde do pessoal que trabalha nesses lares, daí a preocupação com o seu enquadramento familiar, daí a preocupação com a própria desinfeção dos lares, tudo isso tarefas importantes de que me falaram e que me disseram que estavam a acompanhar muito de perto", prosseguiu.
Ainda sobre este assunto, considerou: "Eu tenho de acreditar naquilo que me disseram esses responsáveis quanto ao que já tinham feito e ao que estão a fazer e ao que vão fazer para garantir que realmente se reduz até ao limite do possível um risco que sabemos que existe".
O chefe de Estado aproveitou esta ocasião para se dirigir à população mais velha: "Renovo o apelo àqueles que, como eu, têm mais de 70 anos, e não exercem cargos públicos ou políticos, para que mantendo os seus passeios higiénicos, sozinhos ou com animais de estimação, também não levem muito longe a tentação dos contactos, porque têm um grau de risco maior do que os outros estratos da população".
"Acho que o passeio higiénico significa, para alguns casos, o encontro com amigos, com companheiros de jogo nos jardins onde que se encontram, damas num caso, sueca noutro caso. Isso está interrompido, isso está suspenso. É um apelo reforçado que eu faço, porque percebo que eles se sintam muitas vezes solitários e queiram voltar aos hábitos que são os hábitos da normalidade, mas não estamos a viver um momento normal", insistiu.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 20 mil morreram.
Em Portugal, há 43 mortes e 2.995 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.