Alexander Lukashenko, presidente da Bielorrússia, que segundo os organismos oficiais foi reeleito com mais de 80 por cento dos votos, acusa manifestantes de serem "teleguiados por países estrangeiros".
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Alexander Lukashenko, presidente da Bielorrússia, defendeu esta segunda-feira que os manifestantes que no domingo protestaram contra os resultados das presidenciais e foram violentamente reprimidos em várias cidades do país foram "teleguiados como carneiros" pelo estrangeiro.
"Tomamos nota das mensagens do estrangeiro: da Polónia, da Grã-Bretanha e da República Checa. Eles enviaram apelos para, desculpem a expressão, teleguiarem os 'nossos carneiros'", disse Alexander Lukashenko à agência de Estado, Belta.
"Não vamos permitir que o nosso país caia em pedaços", afirmou ainda o chefe de Estado, referindo-se aos manifestantes que saíram às ruas no domingo à noite contra o resultado oficial das presidenciais.
De acordo com o Lukashenko, que segundo os organismos oficiais foi reeleito com mais de 80% dos votos, "os checos que seguram os fios das marionetas" ordenaram "à oposição" para sair às ruas com o intuito de forçarem negociações para uma "transferência de poder".
Os resultados das eleições, que dão a vitória pela sexta vez consecutiva a Lukashenko, foram rejeitados pela candidata da oposição Svetlana Tikhanovskaïa que já pediu ao presidente para ceder o poder.
"Nós vamos ocupar-nos de todos aqueles que provoquem, que empurram (os jovens) para o abismo. Acho que vamos meter a cabeça deles (jovens) na ordem", acrescentou Lukashenko.
Cerca de três mil manifestantes antigovernamentais foram detidos e dezenas ficaram feridos nos protestos de domingo após a divulgação dos resultados oficiais das presidenciais da Bielorrússia, informou o governo.
De acordo com o Ministério do Interior de Minsk, não há registo de vítimas mortais.
"No total, em todo o país, cerca de três mil pessoas foram presas (...) durante confrontos. Mais de 50 cidadãos e 39 polícias ficaram feridos e alguns estão hospitalizados", declarou o ministério em comunicado, frisando que as manifestações "noturnas" não estavam autorizadas nas 33 cidades e localidades do país.
Segundo os resultados oficiais finais da votação, o chefe de Estado cessante, Alexander Lukashenko, há 26 anos no poder e que obteve o sexto mandato, recolheu 80,23% dos votos, enquanto a grande rival, a opositora Svetlana Tikhanovskaia, chegou aos 9,9%.
Os resultados são contestados pela oposição, que denunciou atos de violência e de fraudes no processo eleitoral.
Segundo dados avançados pela organização não-governamental bielorrussa de defesa dos direitos humanos Viasca, nos protestos de domingo à noite, que degeneraram em confrontos com a política, um manifestante morreu e dezenas de outros ficaram feridos.
Entretanto, a União Europeia (UE) reclamou hoje a contagem "precisa" dos votos nas eleições presidenciais de domingo na Bielorrússia e, condenando a "violência estatal desproporcional e inaceitável", exigiu a libertação imediata dos manifestantes detidos.