O primeiro-ministro, Luís Montenegro, recordou esta segunda-feira Francisco Pinto Balsemão como "símbolo da fundação" do PSD e lembrou as muitas vezes que espicaçava o partido para "aprofundar a social-democracia"
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O presidente do PSD falava aos jornalistas a meio do Conselho Nacional do partido, durante o qual recebeu a notícia da morte do fundador e militante número um dos sociais-democratas, hoje aos 88 anos.
"Em primeiro lugar, queria transmitir daqui uma palavra de muita solidariedade a toda a família do dr. Francisco Pinto Balsemão e dizer que foi com muita consternação que eu próprio recebi em primeira mão a notícia e a transmiti ao Conselho Nacional do PSD. Naturalmente, prestámos já uma muito justa, merecida, calorosa, profunda homenagem àquele que é o símbolo da nossa fundação, dos nossos valores, do nosso percurso enquanto organização cívica, política e instrumento de intervenção no nosso país", afirmou.
Foram audíveis aplausos no Conselho Nacional depois de Lis Montenegro ter transmitido a notícia da morte de Pinto Balsemão.
O primeiro-ministro lamentou a "notícia muito triste" da morte de alguém que "foi sempre muito próximo, que foi sempre muito presente, até ao fim" na vida do PSD.
"Sempre com uma palavra amiga, com uma palavra de estímulo, com uma palavra de apreciação, de análise, que em todas as campanhas eleitorais, em todos os momentos de reflexão, nunca escondeu os seus pontos de vista e muitas vezes nos espicaçava para podermos aprofundar a social-democracia à luz daquela que é a situação hoje do país, da Europa, do mundo", afirmou.
Montenegro recordou que Francisco Pinto Balsemão, com Magalhães Mota e Francisco Sá Carneiro, "patrocinaram e fomentaram o ato de constituição do PPD, na altura, hoje PSD".
"Estruturando a sua matriz ideológica e afirmando os seus princípios programáticos e os seus valores que ainda hoje nos inspiram, que ainda hoje nos alimentam, que ainda hoje, de resto, estiveram bem presentes naqueles que foram os nossos protagonistas de candidaturas autárquicas, a própria formalização e promoção da autonomia do poder local em 1976", destacou.
Montenegro recordou Balsemão como alguém, que como primeiro-ministro e líder do PSD, conseguiu "transformar a vida do país e consumar em decisões políticas os princípios de valorização da iniciativa privada, os princípios de respeito pelos valores e direitos fundamentais dos cidadãos, o acesso à saúde, o acesso à educação, o acesso à mobilidade, o acesso à habitação, como instrumentos de dignidade da pessoa e de promoção de uma verdadeira igualdade de oportunidades".
"Esses princípios são ainda da matriz identitária do PSD e, portanto, é com profundo pesar e muita, muita tristeza que nós recebemos esta notícia", disse.
O líder do PSD destacou ainda o papel de Pinto Balsemão na formação de uma "comunicação social livre" em Portugal.
"A fundação, nomeadamente do Expresso e depois mais tarde do grupo Impresa, são boas demonstrações da vontade que a personalidade de Francisco Pinto Balsemão sempre teve, para além da intervenção política direta através da instituição que fundou, o PSD, através dos cargos públicos que desempenhou, também na sua vida profissional acabou por dinamizar e aprofundar a nossa democracia", afirmo.
Questionado se se recordava da última vez que trocou impressões com o militante número um do PSD, Montenegro disse ter falado com ele "antes e depois das eleições legislativas", "por alturas do verão".
Fundador e militante número um do PSD, Balsemão chefiou o VII e o VIII governos constitucionais, entre 1981 e 1983. Fundou o jornal Expresso, antes do 25 de Abril, e mais tarde a SIC.