Israel só libertará os detidos palestinianos após confirmação que todos os reféns israelitas, vivos ou mortos, foram devolvidos, adiantou este domingo uma porta-voz do primeiro-ministro israelita
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"Os prisioneiros palestinianos [cuja libertação está prevista no âmbito da troca com os reféns] serão libertados assim que Israel obtenha confirmação de que todos os reféns que devem ser libertados na segunda-feira passaram a fronteira israelita", disse Shosh Bedrosian, numa conferência de imprensa online.
No decurso da última trégua a confirmação da identidade dos reféns mortos só foi obtida depois de uma autópsia no Instituto de Medicina Legal Israelita.
Na mesma conferência de imprensa, a porta-voz afirmou que se prevê que o processo de entrega de reféns comece na segunda-feira de manhã cedo, mas acrescentou que se o Hamas estiver pronto para isso Israel está disponível para adiantar o processo em algumas horas.
Também o vice-presidente norte-americano JD Vance disse hoje em entrevista ao canal NBC News, antes da viagem do presidente Donald Trump para a cimeira de paz no Egito, que a libertação de reféns pode acontecer "a qualquer momento" a partir de agora.
De acordo com os procedimentos previstos, os reféns serão entregues à Cruz Vermelha, que os entregará, por sua vez, ao exército israelita, em zonas de Gaza controladas pelas forças de Israel, e só depois serão levados para a base militar de Reim, já em solo israelita.
Na base serão alvo de uma primeira avaliação médica e poderão encontrar-se com as suas famílias, antes de serem transferidos para um hospital.
Bedrosian detalhou que 10 reféns serão transferidos para o hospital Sheba, cinco para Beilinson e outros cinco para Ichilov, todos próximos da capital Telavive.
A porta-voz não esclareceu se a entrega dos reféns mortos será simultânea à dos vivos ou acontecerá apenas depois, mas adiantou que os restos mortais serão entregues às tropas em Gaza e ainda ali será realizada uma breve cerimónia com orações judaicas.
Os corpos serão transportados em caixões cobertos com a bandeira de Israel e transportados para o Instituto de Medicina Legal Abu Kabir em Telavive, onde terá início o processo de identificação dos cadáveres e notificação às famílias para que possam realizar os funerais.
Na segunda-feira realiza-se no Egito uma cimeira internacional de paz e sobre o futuro do território palestiniano.
A cimeira, que contará com dezenas de chefe de Estado e de Governo árabes, islâmicos, europeus e asiáticos, será copresidida pelos presidentes egípcio, Abdel Fattah al-Sidi, e norte-americano, Donald Trump, decorrerá em Sharm el-Sheikh, uma estância balnear no Egito.
O encontro internacional segue-se ao acordo de cessar-fogo que entrou em vigor na sexta-feira, baseado no plano em 20 pontos apresentado pelo Presidente norte-americano, com o objetivo de pôr fim à guerra desencadeada em 7 de outubro de 2023 pelo ataque sangrento do Hamas em território israelita.
Israel já afirmou que não estará presente na cimeira no Egito.
Hamas concede amnistia a quem participou crimes nos últimos dois anos
O ministério do Interior do Governo do Hamas em Gaza anunciou hoje que concederá amnistia aos habitantes de Gaza que, nos últimos dois anos, se juntaram a "bandos criminosos" e participaram em atividades ilegais.
"O ministério do Interior e Segurança Nacional anuncia a abertura ao arrependimento e à amnistia geral para todos aqueles que se juntaram a esses bandos, mas não participaram na prática de assassinatos", anunciou a instituição em comunicado.
O Ministério assegurou que estes grupos "aproveitaram-se do caos durante a guerra e cometeram atos ilegais", como atacar propriedades de cidadãos ou roubar ajuda humanitária.
"Alguns desses gangues foram integrados por indivíduos que não tinham as mãos manchadas de sangue e que não participaram em assassinatos ou crimes", especificou o ministério, assegurando que a amnistia geral será aplicada a estas pessoas.
O governo de Gaza apelou a quem participou nesses grupos para se entregar aos serviços de segurança no prazo de uma semana, a partir de segunda-feira, 13 de outubro, até à tarde de 19 de outubro. "Isto permitirá a resolução da sua situação jurídica e de segurança e o encerramento definitivo dos seus processos", acrescentou.
O ministério do Interior indicou que aqueles que não se entregarem ou continuarem a agir contra a lei serão sujeitos a "medidas firmes".
Israel e Hamas anunciaram na quarta-feira à noite um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, primeira fase de um plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após negociações indiretas mediadas pelo Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia.
O cessar-fogo visa por fim a dois anos de guerra em Gaza, desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 67 mil mortos e cerca de 170.000 feridos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza (tutelado pelo Hamas), que a ONU considera credíveis.