Várias publicações internacionais de prestígio fazem eco do noticiado pela agência chinesa "Caixin"
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Terão os mortos em Wuhan, a cidade chinesa de onde partiu a pandemia de covid-19, sido muito superiores aos números oficiais divulgados pelo governo daquele país? A imprensa internacional questiona os 2535 mortos e os mais de 50 mil infetados naquela cidade - conforme foi divulgado pela China -, baseando-se em relatos da agência noticiosa chinesa "Caixin" e em publicações das redes sociais do país oriental, que dão conta de um número de urnas crematórias muito superior aos dados oficiais.
A revista "Newsweek", por exemplo, refere que os métodos de contenção agressivos utilizados pelo governo de Pequim poderão não ter sido tão bem sucedidos quanto aquele quis fazer crer. No quarto trimestre de 2019 (o surto do novo coronavírus foi reconhecido na China em dezembro do ano passado), o número de cremações em Wuhan foi de 56 007, mais 1583 do que no mesmo período de 2018 e mais 2231 do que no de 2017. Os números são de uma agência oficial da cidade de Wuhan. Além disso, projeções da ONU indicam que o crescimento populacional naquela cidade foi de 1,1%, baixo, e que pode indicar um número de falecimentos anormalmente elevado e que poderá verificar-se também neste início de 2020.
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Aquilo que realmente fez duvidar dos números oficiais divulgados pela China são as fotos que começaram a circular pelas redes sociais chinesas, mostrando inúmeras urnas a chegarem à cidade epicentro da pandemia, com os familiares das vítimas mortais a serem chamados para recolherem os restos destes. Na quarta-feira, camiões terão descarregado 2500 urnas e outras tantas na quinta-feira numa das oito agências funerárias de Wuhan, segundo contou um camionista à "Caixin". Só isto já supera os dados oficiais de mortos em Wuhan.
De acordo com os locais, terão sido cerca de 26 mil os falecidos naquela cidade, uma vez que sete das agências funerárias de Wuhan terão previsto entregar 3500 urnas por dia entre 23 de março e o próximo 4 de abril. Ou seja, nestes 12 dias, serão entregues cerca de 42 mil urnas. Subtraindo o número expectável de mortes naquela cidade (16 mil) ao longo deste período de dois meses e meio, com base na taxa de mortalidade da China, acredita-se que Wuhan poderá ter registado 26 mil mortos pela Covid-19.
Estes cálculos, sublinha a "Newsweek", não são indicadores totalmente fiáveis do número real de mortos em Wuhan, tal como não são infalíveis os relatos dos cidadãos, até por se desconhecer quantas urnas serão realmente entregues com restos mortais. A questão essencial que levantam é a da credibilidade dos números indicados pelas autoridades da China, que neste momento, manhã de segunda-feira 30 de março, dão conta de 81 470 casos positivos e 3304 mortos