Frente Cívica sugere definir um "limite temporal para essas comunidades judaicas", da qual faz parte o magnata russo, "regressarem a Portugal". Críticas de Navalny corroboradas
Corpo do artigo
Motivado pela investigação, do Ministério Público, à atribuição da nacionalidade portuguesa a Roman Abramovich, dono do Chelsea, a Associação Frente Cívica apela à suspensão do processo de naturalização de descendentes de judeus sefarditas, além de defender uma revisão da Lei que concede esse direito.
"Há uma responsabilidade nacional e internacional [do Estado português] de suspender este regime, enquanto as averiguações são feitas, e também de rever a lei", afirma João Paulo Batalha, esta quarta-feira, à "Renascença".
O presidente da Associação Frente Cívica propõe, por isso, definir um "limite temporal para as comunidades [judaicas] regressarem ao país, para não termos sempre em aberto um processo com riscos de abuso" legal.
João Paulo Batalha disse, depois, corroborar as críticas feitas por Alexei Navalny, opositor do regime de Vladimir Putin, associado a negócios com Abramovich, à atribuição da cidadania portuguesa ao proprietário do Chelsea.
"Nós vimos como Navalny denunciou a permissividade do Estado português neste caso e não deixamos de concordar com ele e de nos sentirmos envergonhados com a figura que o Estado fez a nível internacional", referiu o dirigente.
A naturalização de Abramovich foi dada, a 30 de abril de 2021, ao abrigo da Lei da Nacionalidade destinada a judeus sefarditas, que foram expulsos da Península Ibérica durante a Inquisição, tendo levantado suspeitas internas meses depois.
Em meados de janeiro deste ano, o Ministério Público (MP) e o Instituto dos Registos e Notariado (IRN) abriram respetivas investigações. O IRN estimou que o processo de averiguação "deverá estar concluído em fevereiro".