Governador de São Paulo lançou ataque cerrado ao Presidente brasileiro.
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O governador do estado brasileiro de São Paulo, João Doria, acusou o Presidente do país, Jair Bolsonaro, de não estar "em plenas faculdades mentais" para liderar o país, após ter desvalorizado a pandemia do novo coronavírus.
Em entrevista à agência Efe, João Doria, que governa aquele que é o estado mais rico e populoso do Brasil, mas também o mais afetado pela covid-19, mostrou ser o exemplo do mal-estar entre as autoridades estaduais e municipais do país face à retórica de Bolsonaro, a quem acusam de subestimar a covid-19 e de incitar a população a regressar à sua vida normal de forma a não prejudicar a economia.
São Paulo, que possui 46 milhões de habitantes, é o estado brasileiro mais afetado pela covid-19, contabilizando 84 mortos e 1406 infetados. Contudo, o chefe de Estado disse na sexta-feira que desconfia do número de mortes e infeções apresentadas por aquela unidade federativa.
Face a essas desconfianças, Doria diz que Bolsonaro não está em "plenas faculdades mentais". "O Presidente da República, numa entrevista a uma estação de rádio de São Paulo, acusou o governo regional de falsificar os atestados de óbito de brasileiros que morrem de coronavírus (...) Temos um Presidente que não está em plenas faculdades mentais para poder liderar o país", defendeu Doria.
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O governador acusou Bolsonaro de estar "desconectado da realidade", acrescentando que "não é razoável" que um Presidente da República classifique uma pandemia mundial como a do coronavírus (mais de 30 mil mortes) como uma "gripezinha".
"Também não é razoável que o próprio Governo realize uma campanha pedindo às pessoas que saiam de casa ao mesmo tempo em que a Organização Mundial da Saúde recomenda que as pessoas fiquem em casa. É um ato de profunda irresponsabilidade e falta de respeito ao ser humano", afirmou.
"São Paulo tem 46 milhões de habitantes, quase a mesma população da Espanha. Aqui, não será aplicada uma medida que coloca em causa a vida de milhões de brasileiros que vivem em São Paulo. A nossa posição é que as pessoas fiquem em casa, seguindo as diretrizes da OMS", reforçou.
Após ser questionado sobre o que faria de diferente se estivesse no poder, Doria, que é apontado como candidato às eleições presidenciais brasileiras de 2022, advogou que cabe ao Congresso brasileiro avaliar e decidir sobre o que fazer com um chefe de Estado "que não tem capacidade de racionalizar, interpretar e liderar um país".
"Eu, como governador, não devo dizer nada sobre o que pode ser feito. Noto, sim, a sucessão de medidas equivocadas, que ameaçam a ordem pública e a vida das pessoas. Não é razoável alguém com o mandato de Presidente da República cometa esses erros tantas vezes em tão pouco tempo. Não é de alguém que está psicologicamente bem, é de alguém que sofre de algum tipo de problema psiquiátrico", frisou mais uma vez João Doria.
"Em dois anos, o Brasil passou de uma visão de extrema-esquerda, corrupta, prejudicial e mentirosa, para uma extrema-direita mentirosa, agressiva e com uma enorme vocação totalitária", salientou. O Brasil tem 111 mortos e 3904 infetados pelo novo coronavírus, tendo aumentado para 10 o número de estados brasileiros a registar óbitos associados à covid-19, anunciou hoje o Ministério da Saúde.