Autarcas da Régua e do Pinhão discordam da supressão de comboios na Linha do Douro, que a CP justifica que resulta dos "naturais constrangimentos" provocados pelo encerramento para obras do troço entre Caíde e Marco de Canavezes.
A Infraestruturas de Portugal (IP) anunciou que a Linha do Douro vai ficar interrompida a partir de 26 de novembro, e durante três meses, entre Caíde e Marco de Canavezes, para proceder a obras de modernização.
A CP vai garantir transbordo rodoviário aos passageiros entre aquelas duas estações e assegurar a ligação ao troço que continuará aberto, entre Marco de Canavezes, Peso da Régua e Pocinho.
Fonte oficial da CP disse hoje à agência Lusa que, durante esse período, terá que "implementar medidas para assegurar a mobilidade possível aos clientes no contexto dos naturais constrangimentos que esta interdição provoca".
A oferta contempla a realização, em ambos os sentidos, de seis comboios regionais entre o Porto e Caíde, bem como a realização de serviço rodoviário, em autocarros, entre Caíde e Marco de Canavezes, que serão articulados com os horários dos comboios e que farão paragem em todas as estações e apeadeiros.
Serão realizados, nos dois sentidos, seis comboios entre Marco de Canavezes e Régua e ainda dois comboios, em ambos os sentidos, entre Régua e Pocinho.
A Câmara da Régua, presidida por José Manuel Gonçalves, disse estar "em total desacordo" com a supressão de circulações na Linha do Douro e afirmou ainda ter sido surpreendida com uma decisão que "viola o compromisso assumido com os autarcas e com a região".
Em comunicado, a autarquia disse ter "ficado acordado", no ano passado, que as obras decorreriam por um período de três meses e que "não seria suprimido qualquer serviço diário".
"Não temos dúvidas de que esta decisão da CP irá trazer graves constrangimentos para todos os utilizadores da linha", sublinhou o município.
A Câmara da Régua adiantou que vai diligenciar junto dos autarcas da região para que, em conjunto, seja solicitada, com caráter de urgência, uma reunião ao secretário de Estado das Infraestruturas para reivindicar "a revisão do processo".
Sandra Moutinho, presidente da Junta de Freguesia do Pinhão, em Alijó, chamou a atenção para o isolamento da região, devido ao encerramento da linha, e para a redução "para metade" dos atuais horários.
A autarca quer "garantias inequívocas" de que a CP "não só vai manter a oferta atual como reforçar o número de automotoras disponíveis nos períodos de verão".
Sandra Moutinho apelou ainda ao Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, que tutela a IP e a CP, que "garanta a celeridade das obras".
A CP disse à Lusa que, após as obras, "tem prevista a reposição da oferta em moldes idênticos aos que atualmente estão em vigor".
Perante as dúvidas levantadas pelo presidente da câmara da Régua quanto ao material circulante que será usado na ligação a norte, a empresa salientou que se trata do mesmo que já assegura o comboio Miradouro durante o período de verão.
A CP disse ser "imperativo" assegurar a ligação dos autocarros aos comboios que ligam ao Porto e à Régua, "única forma de proporcionar a mobilidade dos clientes da linha".
O tempo estimado para o transbordo rodoviário Caíde-Marco é de cerca de uma hora, enquanto que o tempo atual do comboio é de cerca de 21 minutos. Deste facto, acrescentou, "decorrem ajustamentos à oferta ferroviária durante este período".
A CP disse ainda que a oferta que vai assegurar tem também "naturais condicionalismos técnicos" decorrentes do isolamento da linha a norte e das "necessidades de assegurar a operação ferroviária e manutenção do material circulante durante os três meses".
O troço da linha do Douro vai fechar para a realização da segunda fase da empreitada de eletrificação e renovação.
A IP referiu que a opção de encerramento foi programada em "estreita colaboração" com os operadores ferroviários, autarquias e associações de utentes e "assegura importantes ganhos", já que vai antecipar a conclusão da obra em cerca de cinco meses e poupanças ao nível financeiro, com uma redução de custos de 40%.
A empreitada representa um investimento de 10 milhões de euros e faz parte do plano Ferrovia 2020.
