Espera continuidade com nova energia, agora com Pedro Nuno Santos como secretário-geral do PS
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António Costa afirmou este domingo esperar da nova liderança do PS de Pedro Nuno Santos "uma continuidade, com uma nova energia, com um novo impulso" e prometeu, como ex-secretário-geral, não andar a "assombrar ninguém".
António Costa falava aos jornalistas na sede nacional do PS, em Lisboa, onde teve um encontro de cerca de uma hora e meia com o recém-eleito secretário-geral dos socialistas, Pedro Nuno Santos.
"Encerrado este momento [de eleições internas], todos estamos unidos para garantir que a partir do dia 10 de março haverá uma continuidade, com uma nova energia, com um novo impulso, daquilo que tem sido o bom ciclo de governação do PS", afirmou António Costa.
"Cada um que chega é natural que faça diferente. E eu não estarei cá a assombrar ninguém para que não faça diferente do que eu estava a fazer", acrescentou.
Interrogado se não receia vir a "fazer sombra" ao novo secretário-geral do PS, António Costa respondeu: "Não, não. Não tenciono ser sombra de ninguém. Além do mais, como já reparou, Pedro Nuno Santos tem para aí mais um palmo do que eu, portanto, ele pode-me fazer sombra, eu não teria altura para fazer sombra a ninguém, nem tenciono andar por aí a assombrar quem quer que seja".
Pedro Nuno Santos foi eleito secretário-geral do PS com 62% dos votos, em eleições diretas realizadas entre sexta-feira e sábado, que disputou com José Luís Carneiro, que ficou em segundo lugar, com 36%, e Daniel Adrião, que teve 1% dos votos.
António Costa foi o primeiro a chegar à sede nacional do PS e esperou à porta por Pedro Nuno Santos, que chegou cinco minutos depois. Os dois cumprimentaram-se com um abraço. "Camarada secretário-geral, está bom? Bem-vindo e parabéns", disse Costa.
No fim do encontro, António Costa considerou que a conversa "correu num tom excelente de camaradas e amigos".
No momento da sua saída de secretário-geral do PS, que liderou durante nove anos, colocou-se "ao dispor como militante do PS para aquilo que for útil para o futuro do PS, ou seja, para o futuro do país". Como primeiro-ministro, manifestou-se "focado e determinado" em concluir a sua missão, até haver novo Governo.
O seu papel nos próximos desafios do PS "caberá naturalmente à nova direção e ao novo secretário-geral ir definindo".
Interrogado se Pedro Nuno Santos está obrigado a vencer as eleições, o ainda primeiro-ministro defendeu que "nenhum líder do PS está obrigado a ganhar eleições nenhumas".
"O Pedro Nuno Santos vai ter umas eleições já daqui a três meses. Partimos, felizmente, com as sondagens todas a colocarem o PS num bom ponto de partida. Mas, obviamente, não se pode pedir a ninguém que faça em três meses o que outros tiveram oportunidade de fazer em vários anos. Felizmente, ele parte com outras vantagens, que é a sua experiência própria, o seu capital próprio", completou.
Na sua opinião, o novo secretário-geral do PS apresenta-se a eleições também com o balanço que as pessoas fazem da governação do PS, "no que tem de positivo", e com "maior distanciamento para perceber o que é que se pode fazer melhor".
Pedro Nuno Santos mostra ter "consciência de quais são as prioridades dos problemas que existem no país, de dar continuidade ao trabalho que estava a ser feito para melhorar esses problemas, mas também seguramente fazer diferente", considerou.
Questionado se entende que deixa uma herança difícil a Pedro Nuno Santos, António Costa apontou o crescimento económico, aumento do emprego e "contas certas" dos anos da sua governação.
"E tenho a certeza de que, com esta nova energia, este novo impulso, sob a liderança de Pedro Nuno Santos o PS vai fazer mais e melhor. E é isso que os portugueses seguramente também anseiam", declarou.
Por outro lado, realçou que a conjuntura externa que o próximo Governo vai enfrentar "não é um contexto internacional fácil".
"Mas tudo isso só significa o seguinte: que precisamos cada vez mais de um partido que tenha provas dadas na boa governação económica, alguém experiente à frente da governação, alguém que seja capaz de fazer pontes com os partidos no campo democrático, e que possa dar um novo impulso e uma nova energia a esta trajetória que temos vindo a seguir com sucesso desde novembro de 2015", advogou.
António Costa sustentou que Pedro Nuno Santos supera o presidente do PSD em experiência política, com uma "gigantesca diferença", e que o PS está "muito mais unido do que o PSD ao fim de vários anos já de liderança de Luís Montenegro".
Nestas declarações, deixou uma palavra para José Luís Carneiro, considerando que obteve um resultado "muito expressivo, demonstrando bem a pluralidade do PS".
"Essa é a grande riqueza do PS e é por isso que o PS é capaz de representar um leque tão vasto de pessoas, de perspetivas de vida no nosso país, da esquerda democrática ao centro democrático, esse é o grande espaço de confluência do PS e essa é a grande força do PS", concluiu, manifestando-se certo de que "agora com mais energia, mais imaginação, nova criatividade, essa força se vai reforçar".