Angola/Acidente: Três feridos graves do acidente ferroviário transferidos para Luanda
Três feridos graves do acidente ferroviário que ocorreu terça-feira no sul de Angola vão ser transferidos para unidades especializadas em Luanda, devido à inoperância de equipamentos no hospital central do Lubango, noticiou hoje a imprensa local.
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O acidente ferroviário, que se deveu a erro humano, provocou 18 mortos e 14 feridos, três deles em estado grave, e aconteceu ao quilómetro 150 do troço dos Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes (CFM) próximo da localidade de Muninho, município de Bibala, na província do Namibe.
Segundo o diretor clínico do hospital do Lubango, Augusto Fonseca, citado pela agência noticiosa angolana Angop, os feridos graves terão de ser transferidos para Luanda "por dificuldades de realização de estudo de imagem TAC e ressonância magnética e devido à inoperância de equipamentos" na unidade hospitalar.
Augusto Fonseca adiantou que o quadro dos pacientes nos cuidados intensivos regista alguma melhoria, do ponto de vista neurológico, mas o hospital não tem em funcionamento os aparelhos para o estudo de imagem.
"Há a necessidade de se realizarem estes exames, por serem importantes, para se verificar o que os doentes têm no cérebro e se aferir o grau de estabilidade, mas têm a dinâmica respiratória e a tensão controladas", acrescentou.
Dos 14 feridos, todos com idades entre os 18 e os 27 anos, sete já tiveram alta, enquanto os restantes quatro estão hospitalizados, sem perigo de vida, nos serviços de ortopedia do hospital central do Lubango, com fraturas do fémur e da tíbia, estando em curso as operações cirúrgicas a que têm de ser submetidos para a fixação de placas.
Entretanto, os corpos de 15 das 18 vítimas mortais do acidente continuam na morgue do hospital central do Lubango, entre eles os dos dois maquinistas de nacionalidade chinesa, que aguardam por familiares para a respetiva identificação.
Os outros dois maquinistas que morreram, de nacionalidade angolana, foram hoje a enterrar no Cemitério Municipal de Moçâmedes (Namibe).
Segundo o diretor dos CFM, Daniel Quipaxe, o acidente teve origem num erro humano, tendo já sido apurado que o técnico em serviço "calculou mal as distâncias e mandou avançar" uma composição de carga sem avisar a de uma empresa chinesa que fazia a manutenção da linha.
Segundo o gestor, o operador será responsabilizado disciplinar e criminalmente pelo sucedido.
"A colisão deu-se entre o comboio que seguia no sentido Lubango/Namibe, que transportava granito, e o que fazia a manutenção da via, sob responsabilidade chinesa, que circulava no sentido contrário [Namibe/Bibala]. Infelizmente aconteceu o acidente, que resultou em danos humanos e materiais", explicou.
O Governo angolano criou já uma comissão de inquérito multissetorial, liderada pela ministra da Ação Social, Família e Promoção da Mulher, Vitória Correia da Conceição, e que integra o presidente do Conselho de Administração dos CFM, Daniel Quipaxe, e o Governador Provincial do Namibe em exercício, comissário Alberto Sebastião Mendes, que está já na Huíla para acompanhar as famílias das vítimas.
"Estamos aqui mandatados pelo Presidente da República, João Lourenço, no sentido de nos juntarmos aos esforços dos Governos das duas províncias [Huíla e Namibe], e em nome de todo povo angolano, em particular às famílias que acabaram de perder os seus entes queridos no trágico acidente ferroviário", sublinhou a ministra.
O Governo do Namibe e a direção dos CFM estão a prestar apoio psicológico aos familiares das vítimas e estão a cobrir as despesas com funerais e hospitalares.
O troço entre Lubango e Moçâmedes, construído em 1923 e reabilitado por empresas chinesas nos últimos anos, tem a extensão de 260 quilómetros, tendo chegado à província da Huíla a 31 de maio do mesmo ano.
A linha não tinha registado quaisquer incidentes até fevereiro deste ano, quando uma composição de carga descarrilou na zona da Mapunda, sem provocar vítimas.