Homem do campo, após uma visita a uma empresa agrícola, despediu vários funcionários e um ministro por considerar que o tratamento dado aos animais não era o mais adequado
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"É melhor morrer de pé do que viver de joelhos. Não há vírus no gelo. Eu vivo a mesma vida que sempre vivi, ainda ontem tive uma sessão de treino com a minha equipa: encontramo-nos, apertámos as mãos, abraçamo-nos". "Lavem as mãos mais vezes, comam o pequeno-almoço, o almoço e o jantar a uma determinada hora. Não bebo álcool mas costumo dizer a brincar que também deviam beber uns 100 mililitros por dia para matar o vírus, caso não estejam a trabalhar. Vão fazer uma sauna, desde que seja seca, duas ou três vezes por semana. Os chineses dizem que o vírus morre a partir dos 60 graus centígrados".
As frases (... ou a soma de disparates de quem desconhece a realidade) são da autoria de Aleksandr Lukashenko, presidente da Bielorrússia, na sequência da pandemia da Covid-19. Sentado na cadeira do poder há mais de 25 anos, este político foi eleito pela primeira vez em 1994, tendo sido repetidamente reeleito daí para a frente - usou os poderes que tinha para mudar a constituição e perpetuar-se no poder. Para uns, os apoiantes, salvou economicamente o país, para outros, não passa de déspota, ou como apelidam, o "último ditador da Europa". Ao ponto de os Estados Unidos e a União Europeia terem vetado a sua entrada nestes territórios, proibindo a entrega de vistos ao clã Lukashenko. Conhecido pelo estilo autoritário, fez parte do Partido Comunista da União Soviética até à independência da Bielorrússia. A sua corrente político-estratégica, afastava-o das ideias reformistas de Mikhail Gorbachev.
Homem do campo, após uma visita a uma empresa agrícola, despediu vários funcionários e um ministro por considerar que o tratamento dado aos animais não era o mais adequado. Duro, implacável nas suas posições, censurou alguns média e passou sempre a ideia de que quem o contraria fica em maus lençóis.
O cientista político Valery Karbalevich, autor de uma biografia de Lukashenko , aponta duas razões para o surgimento do regime autoritário na Bielorrússia: "Primeiro, Lukashenko tinha fome de poder e não queria restrições. Segundo, havia um anseio na sociedade por uma ordem no sentido soviético."
Lukashenko, de 65 anos, pai de três filhos, promete recandidatar-se.