A criança afegã da camisola de plástico de Messi: "Por favor, salvem-me"

Talvez ainda se lembre de Murtaza Ahmadi, a criança afegã que se tornou famosa em 2016 graças a uma fotografia na qual surgia com uma camisola da seleção da Argentina, com o nome Messi e o número 10 nas costas. Uma camisola feita a partir de um saco de plástico.

Ora, a fotografia tornou-se viral, Murtaza Ahmadi ficou famoso, mas isso nada importa cinco depois. O jovem afegão vive agora, com a família, escondido em Cabul, onde chegou há dois meses da província de Ghazni, fugindo do avanço das tropas talibãs. Está escondido com medo.

"Estou escondido em casa e não posso sair porque tenho muito medo dos talibãs", disse à agência noticiosa espanhola, EFE. Murtaza e a família são xiitas, grupo igualmente islâmico constantemente atacado pelo Estado Islâmico por causa das diferenças doutrinárias e políticas.

"Quero viajar para um lugar seguro a partir do Afeganistão. Por favor, salvem-me desta situação", suplicou o rapaz, pedindo ao mundo do futebol, e especialmente a Messi, que o ajude a deixar o país para que possa fazer o que mais gosta: "Jogar futebol em paz".

As fotografias que em 2016 deram a volta ao mundo permitiram-lhe conhecer pessoalmente Messi no Catar, mas desde então tem passado por dificuldades. É que a repentina fama mundial trouxe-lhe ameaças de grupos extremistas ao ponto de deixara de ir para a escola durante dois anos perante o medo de ser raptado. Os jihadistas acreditam que o jogador argentino deixou uma grande doação a Ahmadi e à sua família.

"O que nos vai acontecer? Já estávamos sob ameaça", disse à EFE Mahdia Ahmadi, a irmã de Murtaza (22 anos), contando que quando chegaram à capital afegã em julho até tinham proteção. "Agora não temos ninguém", e sempre que "batem à porta, Murtaza pensa que são os talibãs e corre para mim ou para a minha mãe para se esconder", disse.

Murtaza não esqueceu a promessa que Messi lhe fez no Catar há cinco anos: "Messi disse-me 'quando fores um pouco mais velho, eu ajudo-te".