Laura Rodrigues: "O nosso pilar é o tecido associativo do concelho de Torres Vedras"
TORRES VEDRAS >> Produzir e labutar num sistema desportivo concelhio dinâmico é um dos grandes objetivos de um município diferenciado para a prática desportiva
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Foi no Museu Joaquim Agostinho, um dos ex-libris do concelho, que O JOGO esteve à conversa com Laura Maria Jesus Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras que ficará para a história torriense, já que é a primeira vez que o concelho tem uma mulher a governar. A autarca, 63 anos, assumiu a presidência em 2021, é Mestre em Proteção Integrada e licenciada em Engenharia Agronómica pelo Instituto Superior de Agronomia e dedicou 26 anos da sua vida profissional ao ensino, para o que se qualificou, nomeadamente, em Ciências da Educação e em Administração Escolar. Sob o tema Desporto Autárquico, Laura Rodrigues afirma que a criação de um sistema desportivo concelhio dinâmico é um dos seus grandes objetivos e enaltece todo um tecido associativo que promove e estimula à prática de atividade física.
A Câmara Municipal de Torres Vedras tem apostado no vigoroso apoio e incentivo à prática desportiva e à cultura. Estes estímulos são uma marca do seu mandato?
--São e não são. É algo que ao longo dos anos tem sido desenvolvido no concelho. Sempre fez parte da estratégia de desenvolvimento e das linhas de trabalho o apoio massivo a tudo o que envolve atividade física e cultura, tanto como aos clubes como associações, sendo elas recreativas ou competitivas. Todas elas fazem parte de um leque de mais de 200 sociedades com atividade, que é o primordial.
Torres Vedras voltou a conquistar, em 2022, o galardão "Município Amigo do Desporto", que reconhece as boas práticas na intervenção dos municípios na área do desporto e da atividade física. É satisfatório receber este reconhecimento?
-Sim, é sempre mais uma notoriedade termos mais um galardão, mas o nosso trabalho vai muito além de merecer as distinções. São apenas resultados de um trabalho de muitos anos e que, realmente, hoje se traduz num leque muito grande de atividades e de apoios às associações, que se verte numa prática de atividade física significativa em segmentos da população mais vulneráveis - os mais velhos e os mais jovens - são onde fazemos o maior investimento e que vemos com bons olhos.
Como tem sido esse trabalho no terreno? Quais são as principais linhas orientadoras a este nível?
-Sobretudo um trabalho de parceria. O trabalho em rede está muito na ordem do dia e o nosso pilar está no tecido associativo. O nosso labor tem sido sempre ancorado principalmente aí, e que tem sido uma mais-valia extraordinária para que tenhamos atividades nas nossas 13 freguesias. Tem feito com que, ao longo dos anos, as associações tornem-se sustentáveis para que sejam elas mesmas a promoverem atividades e projetos. Por exemplo, o Campeonato Municipal de Futebol e de Atletismo, que agregam uma quantidade muito grande de pessoas e que são oriundas de cada um dos clubes do nosso território. Somos apenas mais um parceiro. Creio que é o fundamental para ter uma abrangência maior por todo o território. O que existe de nossa parte é um Programa de Apoio, que auxilia os clubes e as atividades federadas e não federadas, tal como o apoio à formação e aos treinadores, o apoio ao feminino, ao desporto inclusivo e ao desporto sénior. Por isso, esta promoção e esta ligação que Câmara Municipal produz faz com que os clubes se endureçam e cresçam.
E há boas condições para a prática desportiva no concelho?
-Sim. Por um lado, temos condições naturais para a prática de atividade física de natureza, por exemplo para o ciclismo, trails, corrida, marcha e percursos pedestres. Por outro lado, gozamos por todo o município de muitos equipamentos que servem a população, quer sejam pavilhões gimnodesportivos, campos relvados ou pistas de atletismo. Não temos piscinas municipais, pois as piscinas que existem são dos clubes, mas é por opção nossa. Gostávamos muito de ter, mas são investimentos significativos. Temos dois clubes com piscinas com grandes capacidades para o funcionamento e para o trabalho com os atletas, mas também com aqueles que querem fazer aprendizagem. O que fazemos é apoiar esses clubes para que todas as nossas crianças aprendam a nadar e fazer a adaptação ao meio aquático. Faz todo o sentido até porque temos 20 km de costa. Depois também temos os pavilhões das escolas, que são feitos para servir a escola e a população. Queremos sempre rentabilizar os espaços desportivos e há uma panóplia de espaços em Torres Vedras para atividade física facilitada, mas queremos sempre alcançar mais e melhor.
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Considera que os torrienses reconhecem esta aposta e este esforço da autarquia?
-Sim, sem dúvida. De uma forma geral, as pessoas têm a noção de que há investimentos significativos e verificam os resultados das políticas que vamos seguindo neste trabalho em rede. Há pessoas que vêm cá e até fazem comparações com outros concelhos, mostrando que estamos a realizar um bom trabalho na promoção e no apoio à atividade física para todos.
Que projetos futuros tem em mente para continuar a promover a prática de atividade física?
Vamos continuar a incitar a atividade física, principalmente a informal, porque há uma grande parte da população sedentária. Temos feito uma grande aposta no desporto sénior, nomeadamente no "Mexa-se para a Vida". Tencionamos fazer o mesmo para os programas de apoio ao desporto. Queremos aprofundar, alargar e fazer algumas majorações positivas de situações, promover novas modalidades, tal como o voleibol. Antigamente, era uma modalidade que tinha pouco significado em Torres Vedras, e hoje é uma atividade muito reconhecida e com muitos adeptos, particularmente raparigas, com muitos troféus, porque se incentivou e trabalhou. Também pretendemos dar continuidade à melhoria dos espaços desportivos, tal como renovar e acrescentar campos relvados. O mais importante é as pessoas desenvolverem a atividade física. Todos os somatórios destes projetos são extremamente importantes para que haja uma maior percentagem da população a fazer atividade em Portugal. Somos dos países com menor taxa de atividade física da União Europeia e aqui trabalhamos muito para contrariar estas taxas.
Por último, como caracteriza Torres Vedras e os torrienses?
Torres Vedras é um território com ótimas condições naturais e muito bem localizado. Temos 20 km de costa, áreas rurais extraordinárias e estamos muito perto de Lisboa. Há muitas pessoas que vêm para cá viver para usufruir da nossa tranquilidade. Os torrienses são empreendedores e muito criativos. Ao contrário do que se costumava dizer, que Torres Vedras era uma terra dos tristes, acredito plenamente no contrário, pois somos muito alegres e muito foliões.