Sara Brasil: "Gosto que o clube seja unido, desde o presidente até à senhora da limpeza"
Sara Brasil já venceu uma Liga BPI e é uma das figuras do Ouriense, onde reencontrou a felicidade e a paixão pelo futebol. A bola é a melhor amiga da internacional jovem portuguesa, que atravessa um bom momento e tem ajudado a formação de Ourém a trilhar o caminho do sucesso. A união tem sido fundamental.
O JOGO viajou até Ourém, mais concretamente até ao Campo da Caridade. Ali mora a equipa do Ouriense e, consequentemente, uma jogadora que tem deixado água na boca nos amantes de futebol: Sara Brasil. A avançado de 27 anos tem uma relação invejável com a bola e, quando se conjuga talento e felicidade, tudo pode acontecer. A atleta, natural de Creixomil, conta com passagens por Felgueiras, Freamunde, Länk Vilaverdense, Braga - onde venceu uma Liga BPI e uma Supertaça -, Amora e Ouriense, e conversou com O JOGO acerca do passado, presente e futuro.
Desde que chegou ao Ouriense, em 2021, a Sara tem-se afirmado como um dos grandes valores do clube e joga sempre com um sorriso no rosto...
-Sinto que estou na época mais equilibrada desde que saí do Braga. Estou mais completa enquanto jogadora e sinto-me bem. Pouca gente sabe, mas duas semanas antes da pandemia lesionei-me gravemente e voltar não foi fácil, só esta época é que estou a conseguir manter os níveis a que me habituei. Tem-me corrido tudo bem e tenho conseguido ajudar a equipa a praticar um bom futebol e a fazer golos. Quero continuar feliz e apaixonada pelo futebol, algo que nas últimas épocas foi difícil. Aqui encontrei a felicidade e quero acabar a temporada assim.
Diz que encontrou a felicidade no Ouriense. O que mais gosta no clube?
-Gosto que o clube seja unido, desde o presidente até à senhora da limpeza, conhecemos toda gente e todos nos conhecem e sabem quem somos. Sabemos que podemos contar com todos para tudo o que precisarmos, seja a nível pessoal ou profissional.
Os fatores que mencionou anteriormente têm sido cruciais para colocar o vosso grupo no caminho dos objetivos?
-União, comunicação, determinação e foco. Quando estamos no campo, estes quatro aspetos são os que realçam a nossa equipa. Estamos juntas do primeiro ao último minuto. Todas as jogadoras estão cientes da qualidade e capacidade que têm. Os objetivos são claros: ficar na Liga BPI. Se possível, de forma direta, fugindo do play-off.
Falando do passado, a Sara percorreu um caminho sólido no futebol feminino português e já representou vários clubes. Qual foi o que mais a marcou?
-Tive momentos muito bons em todos os clubes por onde passei. Individualmente, destaco o Länk Vilaverdense, porque fui melhor marcadora do campeonato. Coletivamente, o Braga, onde me sagrei campeã nacional.
E como nasceu esta paixão pelo futebol?
-O meu irmão queria jogar com alguém e nunca conseguiu convencer a minha irmã mais velha, logo, como eu era a mais nova, foi mais fácil convencer-me. Nunca lhe disse, mas estou-lhe muito agradecida.
Joga futebol desde muito pequena. O que tem mudado a nível de mentalidades em relação ao futebol feminino?
-Neste momento, o acesso ao futebol feminino é mais fácil, pois de certeza que a 15 minutos de casa haverá uma equipa de futebol feminino. Agora é normal jogar futebol, querer e sonhar ser jogadora de futebol.
Com base nesse crescimento e nessa maior facilidade, com mais e melhores atletas e clubes mais preparados, sente que a Liga BPI está a desenvolver-se rapidamente?
-A Federação está a fazer um excelente trabalho no crescimento e desenvolvimento do futebol feminino, mas não sei se não estamos a dar passos demasiado rápidos. Alguns clubes ainda não têm capacidade para acompanhar o que está a acontecer na Liga BPI, principalmente neste ano. Esta liga exige mais e melhor, e clubes com menos condições não estão a conseguir acompanhar o crescimento. Todavia, realço o excelente trabalho dos intervenientes, porque fazem o melhor que podem e sabem.
Vê a jogadora portuguesa mais valorizada?
-Sim, acho que é mais valorizada, prova disso são as jogadoras que temos a jogar no estrangeiro. Mas pode evoluir ainda mais se Portugal se qualificar para o Campeonato do Mundo.
Primeiros passos como treinadora e brevemente vai tirar o curso
Sara e o futebol andam sempre de mãos dadas, numa comunhão perfeita. Por isso, além do contributo como jogadora, é também técnica do escalão sub-9 do Ouriense e auxilia a equipa de juniores feminina, revelando a O JOGO que tirar o curso de treinadora é uma das suas grandes ambições.
"Estou a dar os primeiros passos. Um treinador deve ser humano, perceber e comunicar com qualquer atleta, com transparência. Às jogadoras que estão a começar os percursos no futebol digo-lhes sempre para trabalharem e acreditarem desde cedo que é possível", conta a avançado.