Treinador despedido por envolver-se com jogadora desabafa: "Admiti e fui tratado como um criminoso"
Willie Kirk foi despedido pelo Leicester em março
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O treinador Willie Kirk, despedido pelo Leicester em março, depois de ter admitido estar numa relação com uma das jogadoras da equipa, conta agora todos os detalhes em entrevista concedida ao "Daily Mail", dizendo ter sido "tratado como um criminoso" desde o momento em que admitiu e lamentando não lhe ter sido dada a oportunidade de explicar-se ao plantel.
"Antes de mais, quero dizer que eu e a minha mulher separámo-nos há mais de um ano. As pessoas devem estar a pensar 'ele é um mau treinador, um mau marido, um mau ser humano'", começou por dizer, como ponto de partida.
"Uma das jogadoras contactou-me, dando conta dos sentimentos que tinha por mim. Disse-lhe que era ridículo e não dei azo a que a situação avançasse mais", afirmou, garantindo que a lembrou que o clube tinha "um código de conduta". No entanto, a situação alterou-se quando a jogadora se lesionou, no final de 2023, uma vez que "não ia afetar o trabalho, pois não podia convocá-la".
"Isso acabou por mudar as coisas, ela passou a fazer tratamento fora do centro de treinos. Pelo Natal aceitei encontrar-me com ela, estava lesionada, isso não ia afetar o meu trabalho, pois não podia convocá-la. Claro que era uma justificação para mim mesmo, sabia que não estava certo. Depois do Natal começámos a encontrar-nos uma vez por semana, na minha casa ou em casa dela. Chegávamos e partíamos às escondidas, porque claramente sabíamos que não era certo o que estávamos a fazer", explicou, revelando depois que, em fevereiro, numa pausa para seleções, viajaram para Itália, onde passaram dois dias.
"Fomos e viemos em voos diferentes. Quando voltámos percebemos que as coisas já tinham ido longe de mais, que tínhamos de acabar pelo menos até ao final da época e um de nós tinha de deixar o clube. O risco que estávamos a correr era demasiado grande", contou. Entretanto, alguém descobriu toda a situação e o Leicester acabou por despedir o técnico.
"Retiraram-me de uma reunião dizendo que tinha havido uma queixa contra mim e que um advogado ia entrar em contacto comigo. Passaram-se 10 dias, estávamos a preparar um jogo da Taça de Inglaterra com o Liverpool. Uns 15 minutos antes do último treino, chamaram-me ao gabinete da diretora do futebol feminino, onde também estava um advogado do clube. 'Tens uma relação amorosa com uma jogadora?' A partir do momento em que admiti fui tratado como um criminoso. Sinto que o clube podia ter lidado com a situação de outra forma, houve falta de consistência comparativamente a outras situações. A culpa foi minha, não devia ter deixado as coisas avançarem. (...) Mas a forma como tudo se desenrolou depois criou incertezas, rumores e contra-rumores...", disse, concluindo de seguida, lamentando que não tenha conseguido explicar-se ao plantel e revelando que a relação ainda continua:
"Penso que devia ter falado com o staff e as jogadoras, para me explicar, para pedir desculpas e mostrar o meu lado da história. Essa conversa não me teria segurado, mas nunca se sabe. Tem sido frustrante e penso que alguma da frustração se transformou em ódio. Odiei o clube. Tenho momentos em que me arrependo da relação, embora ela ainda continue. Isto não foi um treinador a exercer o seu poder e a dizer 'anda para a cama comigo para assim integrares o onze'. Tenho carregado este ódio, que é errado, mas é decorrente da frustração de não me terem dado a oportunidade de falar."