Tatiana Pinto: o ano mais inolvidável da carreira e um caso de estudo no futebol

2023 foi o ano mais marcante da carreira de Tatiana Vanessa Ferreira Pinto. Em fevereiro, na cidade neozelandesa de Hamilton, a jogadora natural de Oliveira do Bairro, no distrito de Aveiro, foi considerada a “Player of the Match” no histórico encontro em que Portugal se apurou, pela primeira vez, para a fase final de um Campeonato do Mundo de futebol feminino. Já em abril, alcançou, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, as 100 internacionalizações A e, no mês seguinte, ainda antes de disputar a nona edição da prova suprema de seleções, a atleta terminou o campeonato espanhol como médio mais goleadora, ao registar 12 remates certeiros com a camisola do Levante. Por fim, em setembro, a centrocampista mudou-se para a melhor liga da Europa, ao assinar pelo Brighton & Hove Albion.

Além de tudo o que foi referido, Tatiana também é, neste momento, a jogadora portuguesa com o maior valor de mercado, estando avaliada em 125 mil euros pelo Soccerdonna, plataforma do site alemão Transfermarkt para o futebol feminino. No entanto, analisando todo este trajeto admirável, existe um registo que devia ser caso de estudo: a futebolista está a atuar há 70 jogos consecutivos!

A última vez em que Tatiana não foi chamada à ação aconteceu a 14 de maio de 2022, frente ao UDG Tenerife. Desde aí, a atleta, de 29 anos, somou 27 partidas pela Seleção Nacional, 31 pelo Levante e 12 pelo Brighton & Hove Albion. Há mais de 19 meses que a jogadora não é alvo de um castigo disciplinar – sucessão de cartões amarelos ou expulsão –, bem como não tem qualquer lesão, o que representa uma situação de extrema raridade no desporto em geral e no futebol em particular.

Ainda a atravessar a fase de adaptação à equipa inglesa e a uma nova realidade, Tatiana não facilita no foco e demostra, constantemente, que os cuidados extracampo são essenciais para um rendimento de altíssimo nível dentro das quatro linhas, fazendo jus à forma como, um dia, a defini: a insaciável máquina conquistadora que oferece uma elegância sui generis ao espetáculo futebol.