Licenciada em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra, Susana Silva também mostra arte nos relvados. No regresso a Condeixa, a defesa revela que é no clube de Coimbra que se sente "feliz".
Corpo do artigo
A dar cartas no Condeixa, clube para o qual se mudou a meio da temporada, após passagem curta pelo Estoril, Susana Silva representou as camadas jovens da Seleção Nacional e ambiciona, a curto prazo, uma nova chamada, tal como dar o salto para um clube grande.
Antes de se mudar para Condeixa, esteve apenas meia época no Estoril. Porquê esta mudança tão precoce?
-Comecei a época a defender as cores do Estoril, um clube que me recebeu com muito carinho, talvez a melhor integração desde que comecei a jogar. Entretanto, o Condeixa apresentou-me uma proposta irrecusável no sentido de me proporcionar condições de trabalho, que me permitem focar e ter uma maior disponibilidade para crescer como atleta, e decidi abraçar o projeto.
Como está a ser a temporada?
-Tem sido uma caminhada muito gratificante, uma vez que tenho a oportunidade de trabalhar com uma excelente equipa técnica e com jogadoras que acrescentam valor e fomentam o meu desenvolvimento.
O que se pode esperar desta segunda fase na qual o Condeixa está inserido?
-Tenho a certeza de que vamos ser uma surpresa positiva. Estamos numa fase de estabilização do plantel e a cimentar com mais sucesso as ideias e dinâmicas desta equipa técnica. Acredito que os resultados da segunda fase vão ser congruentes com o bom trabalho que temos desenvolvido. Temos um grupo bastante jovem, dinâmico e focado. Um grupo resiliente, pronto para batalhar perante todas as adversidades e que só tira o pé do acelerador depois do apito final.
Em três anos, esta é a segunda passagem da Susana pelo emblema de Coimbra. O que significa este clube para si?
-Acima de tudo, tenho um sentido de muita responsabilidade perante este clube. Fiz parte do plantel que ascendeu à Liga BPI, isso faz com que sinta ainda mais o dever de fazer tudo o que está ao meu alcance para ajudar a equipa a manter-se no expoente máximo do futebol feminino em Portugal. Tenho também um sentimento imenso de carinho e gratidão pela aposta do clube, que acreditou nas minhas potencialidades e me deu todas as ferramentas para as explorar.
Como surgiu o futebol na sua vida?
-Aos cinco anos escrevi uma carta ao pai Natal a pedir um equipamento do Benfica, uma bola e uma oportunidade para jogar pelo clube. Os meus pais não sabiam bem como explicar; isso era impossível na altura. Curiosamente, passados alguns meses, a minha mãe viu um anúncio numa pastelaria sobre a abertura das Escolas de Futebol Benfica- Núcleo de Vale de Cambra e não hesitou em pedir mais informações. Lembro-me do primeiro treino como se tivesse sido ontem e foi possivelmente o dia mais feliz da minha vida. A partir daí, não deu mais para largar esta paixão.
Uma futebolista tem de sacrificar muitas coisas?
-Há várias coisas que um futebolista e, no geral, qualquer atleta sabe que tem de sacrificar. Uma alimentação regrada, bons hábitos, descanso e disponibilidade são algumas das consequências da escolha deste modo de vida. Aquilo que custa mais é aquele aniversário a que faltamos porque havia treino ou aquele almoço de família no dia do jogo. Mas a verdade é que, no final, nada se consegue sem vários sacrifícios.
Seleção Nacional: "Quero voltar a ver o meu nome na convocatória"
Susana Silva representou Portugal nas seleções jovens e fez parte do plantel que disputou o Europeu de sub-16. A defesa recorda um momento "mágico" e ambiciona ser chamada de novo. "Acho que nunca vou encontrar palavras para descrever exatamente aquilo que se sente. Talvez "mágico" seja um bom adjetivo. É um orgulho e a recompensa máxima, tanto para o atleta como para todos os familiares e amigos que subiram degraus connosco nessa longa caminhada. Nunca vou esquecer o brilho nos olhos dos meus pais", sublinha. "Quero colocar, de novo, o meu nome na convocatória e ajudar o meu país a conquistar títulos".