Assinalando o Dia Internacional da Mulher, o novíssimo Portugal Footbal Observatory, do universo FPF, revela um forte crescimento do número de mulheres a praticar a modalidade.
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Há muito que as mulheres assumiram um lugar no futebol, atrás do sonho de agarrar uma oportunidade para construir uma carreira. O crescimento tem sido gradual e os números falam por si.
Entre 2010/2011 e 2019/2020, registou-se uma taxa de crescimento de 197% de novas inscrições com maior índice nos escalões de formação
Nas últimas dez épocas - entre 2010/11 e 2019/20 -, o número de praticantes de futebol feminino aumentou de forma considerável: de 3437 para 9662, o que significa que houve um crescimento de 181%, conforme o Portugal Football Observatory, que funcionará na esfera da Federação Portuguesa de Futebol a partir de hoje.
Dentro desta avaliação, constata-se também que o escalão com maior número de praticantes é o sénior que, ainda assim, registou um decréscimo de quase 39% para 22%. No entanto, esta descida é explicada pelo observatório com o aumento dos escalões de formação. Destaque para os sub-15 que passaram de 244 praticantes em 2012/13 para 1419 em 2019/20. O desenvolvimento de escalões de formação é muito importante em todo o processo de evolução, essencialmente por criar condições às atletas para progredirem gradualmente.
Em 2010/2011 as equipas seniores constituíam mais do dobro das equipas de formação existente. Já em 2019/2020 as equipas de formação representavam o triplo dos seniores. A progressão neste ponto tem sido visível no aumento da qualidade individual das atletas que têm assim mais margem para crescer. Importante referir que a percentagem de atletas de formação inscritas em equipas seniores passou de 26% para 3%. Um número impulsionado pela aposta nos escalões de formação.
Em 2010/2011, os seniores constituíam mais do dobro das equipas de formação. Em 2019/2020, as equipas de formação representavam o triplo dos seniores
No entanto, continua a haver um forte desequilíbrio entre os números no futebol feminino e masculino que precisa de ser combatido com a angariação de atletas, outro dado analisado.
Na última década, houve uma taxa de crescimento de 197% de novas inscrições com maior índice nos escalões de formação [incluindo reinscrições], com destaque para Viseu, Angra do Heroísmo e Santarém, que apresentam uma maior evolução. O mais importante neste ponto é a forma como as atletas encontram motivação para a prática da modalidade e, numa análise feita a atletas federadas e informais, constatou-se que as respostas frequentes são: gostar de futebol, ter perceção da própria competência e o gosto pela competição.
Na última década, o número de praticantes de futebol feminino passou de 3346 para 9662. Esta evolução notória reflete-se na aposta consistente nos escalões de formação
Assim sendo, uma estratégia de angariação pode passar por se criar uma maior proximidade dos clubes aos ambientes escolares e familiares, tendo em conta que, em primeira instância, é nestes meios que surge a perceção do futebol e até mesmo o primeiro contacto com a modalidade. Por último, e de grande relevância, é a influência dos pais juntos das filhas que, apesar de permitirem que pratiquem futebol, muitas vezes não são os primeiros a incentivarem. E é preciso haver uma consciencialização de que o futebol permite praticar uma atividade física saudável e facilita a socialização.
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Garantir boas condições para evitar abandono
Apesar de haver uma evolução positiva no número de inscrições, continua a subir o número da taxa de abandono das atletas. E este é um aspeto que tem de ser melhorado, com a garantia de haver mais e melhores condições que permitam às atletas prosseguirem o sonho. Um dos fatores que provoca esta problemática é a gestão de horários.
No estudo elaborado pelo Portugal Football Observatory da FPF, cerca de 40% das praticantes referiram que os treinos têm início entre as 20h30 e as 22h. Na maioria das atletas, com idades compreendidas entre os 13 e os 21 anos, consideram que os treinos se realizam muito tarde. Outro ponto é a falta de perspetiva de carreira e, consequente, foco nos estudos. Muitas vezes, e na impossibilidade de conciliar as duas coisas, as atletas acabam por desistir do futebol.
E é aqui que entra a importância da oferta: mais clubes e mais equipas, melhores horários e alternativas para conciliar os estudos e treinos.