A médio norte-americana tem protagonizado uma grande época em Vila Verde e está na montra da Liga BPI.
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Tudo começou no Tennessee, nos Estados Unidos, até chegar aos mais altos palcos internacionais. Shelby High, 26 anos, apresenta aquele trajeto no futebol feminino que muitos consideravam impossível, mas que o tempo acabou por tornar quase normal: a conciliação dos estudos com o futebol, as aventuras no estrangeiro - com passagens pelo Chile, Suécia e Espanha -, a chegada a Portugal pela porta do Valadares, até chegar ao Länk Vilaverdense para se impor como uma das melhores jogadoras do clube e da Liga BPI. Para além disso, está a tirar o curso de treinadora pois pretende mudar a "estrutura e a organização do futebol feminino nos Estados Unidos".
A jogadora de 26 anos já espalhou magia pelos Estados Unidos, Chile, Suécia e Espanha. Na temporada passada, largou o seu emprego, no Kansas, e rumou a Portugal para perseguir o seu sonho.
Como surgiu a paixão pelo futebol?
-Comecei a jogar quando tinha quatro anos. A minha irmã mais velha jogava futebol e eu queria ser como ela. Tenho quatro irmãos e todos nós praticámos futebol.
Iniciou o seu percurso na Union University, no Tennessee, conciliando os estudos com o futebol. Depois disso, a Shelby deu o salto e atuou no Chile, Suécia e Espanha, antes de se mudar para Portugal na temporada passada. Porquê a Liga BPI?
-Formei-me em 2017 em Negócios Internacionais e Língua e Literatura Espanhola. Bem, tinha acabado de passar dois anos em Espanha e queria continuar a viver na Península Ibérica ou perto dela. Gosto da qualidade de vida aqui e acho que o meu estilo de jogo se encaixa bem. Sabia que a Liga BPI era uma prova que tinha vindo a crescer e a melhorar rapidamente e foi por isso que vim para cá.
Modelos: Xavi e Sergio Busquets são as referências da atleta norte-americana
Chegou a Portugal pela porta do Valadares. Como surgiu a oportunidade?
-O clube precisava de um substituto de última hora, então assinei no final de janeiro. Pedi a demissão do meu emprego no Kansas, fiz as malas e apareci em Gaia cinco dias depois.
A adaptação correu dentro da normalidade?
-Estive em Espanha e foi uma transição muito fácil. Obviamente que é diferente, mas a cultura, a língua e o futebol são semelhantes. Também vivo no estrangeiro há algum tempo, pelo que ficou mais fácil a mudança para um país diferente. Acho que consegui adaptar-me rapidamente.
"Confiei no mister Daniel e posso dizer que foi a decisão certa para mim"
Entretanto, mudou-se para o Länk Vilaverdense e tem feito uma grande temporada. Regista 19 jogos, é uma das atletas mais utilizadas e exibe-se como uma peça fulcral no plantel...
-O mister Daniel Pacheco foi meu treinador durante o meu tempo em Valadares e quando assinou pelo Länk quis trazer-me. Tinha a opção de renovar pelo Valadares e foi uma decisão difícil. No entanto, as condições aqui eram melhores e mais profissionais. Confiei no mister Daniel e posso agora dizer que foi a decisão certa para mim. Sinto que estou a protagonizar uma época forte, apesar de não estar a jogar na minha posição natural.
Qual é a sua análise à temporada até agora?
-Coletivamente, acho que estamos a ter uma época forte. Somos uma equipa muito bem organizada defensivamente e eficaz nas jogadas de bola parada e nas transições. Individualmente, sei que estou a conseguir ser uma jogadora importante, o que é um privilégio e uma responsabilidade. Vou continuar a trabalhar arduamente para ajudar a equipa o máximo que puder. O facto de a liga ser mais competitiva do que no ano passado obriga simultaneamente a aumentar o meu nível de jogo.
"Desde que estou em Portugal, a Andreia Norton e a Kika Nazareth são as jogadoras mais difíceis de defrontar e tenho muito respeito por elas"
Quais foram as jogadoras mais difíceis que defrontou?
-Desde que estou em Portugal, a Andreia Norton e Kika Nazareth são as jogadoras mais difíceis de defrontar e tenho muito respeito por elas. São atletas de topo.
Quais são os seus sonhos e ambições?
-Quero continuar a crescer e ser feliz a jogar futebol. Atualmente, estou a tirar o curso de treinadora UEFA C. Desejo mudar a estrutura e o sistema do futebol nos Estados Unidos. Também quero criar uma organização sem fins lucrativos que ofereça a oportunidade de jogar futebol para crianças carentes. Nos Estados Unidos, o futebol é um desporto caro e muitas crianças não têm os recursos necessários.
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Torce por Portugal e diz que a Inglaterra é favorita no Mundial
"Coloco as fichas todas na Inglaterra para ganhar o Campeonato do Mundo. A sua forma e coesão como equipa nos últimos anos têm sido incríveis", diz a norte-americana, antevendo ainda as prestações da sua seleção e de Portugal na maior competição de seleções do mundo, que se vai disputar na Austrália e Nova Zelândia.
"Os Estados Unidos vão chegar longe, tal como é esperado, mas não as vejo a ganhar. O futebol mundial ultrapassou-nos e muitas das nossas jogadoras veteranas estão a sair da seleção. No entanto, estou a torcer por Portugal e tenho esperança que ultrapasse a fase de grupos. Tudo depende de uma boa prestação diante dos Países Baixos", remata Shelby.
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