Portugal: heroínas dos antípodas encetam nova Era dos Descobrimentos no Mundial
Depois de disputados os Campeonatos da Europa de 2017 e 2022, a história da Seleção Nacional de futebol feminino atinge agora o apogeu, com a presença inédita no maior palco de todos.
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A nona edição do Campeonato do Mundo de futebol feminino começa esta quinta-feira e durará exatamente um mês, ou seja, até dia 20 de agosto. Pela primeira vez, 32 nações vão tentar levantar o tão desejado troféu, que Estados Unidos (1991, 1999, 2015 e 2019), Alemanha (2003 e 2007), Noruega (1995) e Japão (2011) já conquistaram.
Neste Mundial, que decorrerá na Austrália e na Nova Zelândia, existem oito seleções que se irão estrear na competição: Filipinas, República da Irlanda, Zâmbia, Haiti, Vietname, Panamá, Marrocos e, claro, Portugal. Liderada por Francisco Neto desde 2014, a equipa das Quinas foi, de todas, a formação que realizou mais partidas para chegar à fase final do certame intercontinental. Além dos dez jogos que fez na fase de grupos da qualificação europeia - terminou no segundo lugar do Grupo H, atrás da Alemanha -, o conjunto luso ainda teve de ultrapassar mais três play-off para alcançar o apuramento inédito, eliminando Bélgica, Islândia e, por fim, Camarões, a 22 de fevereiro deste ano, na cidade neozelandesa de Hamilton - no atual ranking da FIFA, belgas (19º lugar) e islandesas (15º) estão à frente das portuguesas (21º), o que só eleva e prestigia, ainda mais, o feito conseguido.
Este é o ponto mais alto da história do futebol feminino português e vem enfatizar a evolução da modalidade no País ao longo dos últimos anos, dando sequência às duas participações consecutivas em Europeus: 2017, nos Países Baixos, e 2022, em Inglaterra.
Quis o destino traçado pelos deuses do desporto-rei que, no palco supremo, duas potências ficassem inseridas no agrupamento de Portugal: Estados Unidos, que, como foi referido anteriormente, venceram o título em quatro ocasiões, e Países Baixos, vice-campeões mundiais. O outro oponente da Seleção Nacional será o Vietname, que, no plano teórico, é o elo mais fraco do Grupo E da prova.
Mais de cinco séculos depois de Vasco da Gama ter desbravado o caminho marítimo para a Índia, a Era dos Descobrimentos regressou, agora a cargo das Navegadoras que nos enchem a alma de orgulho. A armada lusa está preparadíssima para desafiar os "Adamastores" futebolísticos da contemporaneidade e, acima de tudo, deseja escrever mais uma consagrada epopeia, que até se pode inspirar no primeiro verso do hino nacional "A Portuguesa" para abrir o conto: os heróis do mar transformam-se, por esta altura, nas heroínas dos antípodas.