"Poderia dizer o nome de muitas jogadoras, mas as minhas grandes referências são os meus pais"
A médio do Braga quer erguer troféus já esta época e não esconde o desejo de voltar a vestir a camisola de Portugal. Mestre em Contabilidade e Finanças, Ana Rute também mostra perícia nos relvados. Na antecâmara do regresso da Liga BPI, Ana acredita que as guerreiras do Minho têm uma palavra a dizer.
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Para Ana Rute, Braga é sinónimo de "casa". A internacional portuguesa chegou ao Minho há duas temporadas, proveniente do Condeixa, e tem-se mostrado como uma jogadora a ter em conta no futebol feminino português. Com 24 anos, a médio conta com uma Taça da Liga no currículo e acredita que, esta temporada, irá aumentar a vitrina de troféus.
Com a Liga BPI prestes a começar, o que espera desta nova temporada, tanto a nível coletivo como individual?
-Antevê-se um ano de muito trabalho e conquistas, tanto a nível pessoal como coletivo. Nesta nova época, tal como nas anteriores, este emblema vai à luta para chegar o mais longe possível nas taças de Portugal e da Liga. Sabemos que iremos encontrar fortes candidatos, mas um clube grandioso como o Braga procura estar sempre presente nas grandes decisões e vive da conquista de títulos. A nível individual espero que seja uma época em que possa somar muitos minutos, jogos e alguns golos para ajudar o clube a chegar aos seus objetivos, a atingir os seus sonhos.
O Braga desloca-se ao reduto do Amora na jornada inaugural da Liga BPI. Quão importante é ter um bom arranque?
-É fundamental ter um bom arranque e começar com vitórias. Os resultados positivos são a base para um bom campeonato. Ainda para mais, este ano, a Liga BPI adotou um formato diferente, o que significa que todos os jogos terão impacto no desfecho. Por isso, quem errar menos e for mais constante será o justo vencedor.
Na temporada passada vimos uma Ana Rute de alto calibre, protagonista de uma época fantástica. Qual foi a chave para esse sucesso?
-A época passada acabou por ser bastante positiva. Consegui somar muitos minutos e jogos, conquistar a Taça da Liga e estrear-me na Seleção Nacional. Tudo isto graças ao trabalho e dedicação impostos ao longo do ano.
Sente que está no clube certo para crescer e atingir as metas a que se propõe?
-O Sporting Clube de Braga é sinónimo de casa. É um clube muito especial para mim e com o qual me sinto perfeitamente identificada.
Como surgiu a oportunidade de representar o Braga?
-A oportunidade do Braga surgiu no seguimento da minha última época no Condeixa. Nesse ano conseguimos atingir a fase de apuramento de campeão, um clube acabado de subir à primeira divisão nacional feminina. A época correu bastante bem em termos individuais, nessa que também foi a minha primeira presença na Liga BPI, e o Braga lançou-me o desafio de me mudar para cá, no meio de outras opções. Aceitei o desafio e sinto que foi uma decisão acertada, que já me trouxe muitas alegrias.
Por falar em alegria, quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira?
-Posso destacar dois. Primeiro, a minha estreia pela Seleção Nacional A frente a Israel. Depois, a conquista do meu primeiro título pelo Braga [Taça da Liga 2022].
Quais são as ambições da Ana Rute a curto prazo?
-Passam por me afirmar aqui em Braga, jogar com regularidade e ter bons desempenhos. Quero conquistar títulos por e para este grandioso clube. E, como qualquer jogadora profissional, sonho estar entre as eleitas para representar a nossa Seleção Nacional mais vezes.
Convido-a fazer uma viagem pelo passado. Lembra-se de como começou esta paixão pelo futebol?
-Lembro-me de em criança estar constantemente rodeada de rapazes e participar nas brincadeiras, por isso comecei desde muito cedo a jogar à bola. Posso dizer que foi nessa altura, pelas ruas da minha aldeia, Casal de Ermio [Lousã], que descobri a paixão pelo futebol.
Por último, qual é a sua opinião acerca do atual estado do futebol feminino em Portugal?
-O futebol feminino em Portugal tem tido uma evolução muito grande nos últimos anos, visível a todos os níveis. Aumentou o número de clubes com equipas femininas de futebol, aumentou o número de praticantes, os campeonatos são mais competitivos e há vários clubes candidatos a discutir os títulos nacionais. As nossas seleções nacionais são cada vez melhores e sempre com novos talentos a despontar. A atleta portuguesa já é mais respeitada e vista de outra forma.
Por todo o "apoio e amor", Ana tem os pais como ídolos
"Poderia dizer o nome de muitos jogadores e de muitas jogadoras bastante conhecidos de todos, mas as minhas grandes referências serão sempre os meus pais. Por todos os valores que me transmitem, por todos os sacrifícios, por todo o apoio e por todo o amor, eles, sim, são a minha referência de vida e os meus grandes fãs, que me acompanham para todo o lado", conta, orgulhosa, a internacional portuguesa a O JOGO.
Já sobre as referências em campo, Ana não hesitou ao apontar a melhor futebolista com quem jogou, escolhendo uma conterrânea, ainda dos tempos do amadorismo. "No início do meu trajeto desportivo tive a sorte de me cruzar com a Catarina Amado. Já na altura demonstrava ter um grande talento e era um exemplo a seguir para qualquer menina", recorda.