Números redondos: luta pelo título precisa dos golos dos pontas-de-lança
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Aves - FC Porto (terça-feira, 16 de junho, 21.15)
O Porto entra na 27ª jornada da liga com mais 2 pontos que o Benfica na luta pelo título. Mesmo jogando pouco e sofrendo muito na receção ao Marítimo, o Porto aproveitou devidamente a escorregadela do Benfica em Portimão e voltou a ser líder isolado da Liga - uma liderança que possui a qualidade acrescida da vantagem no confronto direto com o Benfica.
Um Dragão em esforço e pouco seguro
Já acontecera em Famalicão e voltou a verificar-se em casa com o Marítimo: o Porto apresenta números ofensivos semelhantes aos do campeonato pré-pandemia (que parece agora tão longínquo), mas está muito menos seguro enquanto equipa, nomeadamente no processo defensivo.
Em Famalicão concedeu 5 oportunidades de golo claras e no Dragão perante o Marítimo concedeu 4, muito acima da sua média de ocasiões permitidas aos adversários por campeonato que é de 2.3 por jogo.
Além disso, a equipa portista acusa óbvias dificuldades físicas, tal como ficou bem visível no final destas duas primeiras partidas, mas desta vez, frente ao Marítimo, Sérgio Conceição efetuou todas as substituições ao seu dispor (5, aproveitando a nova realidade neste particular), enquanto que em Famalicão fizera apenas 2 (das 3 possíveis na altura).
Alex Telles de novo ausente e Corona condenado a ser lateral
Um dos jogadores que mais acusou o cansaço frente ao Marítimo foi Alex Telles, acabando expulso por duplo amarelo exatamente como consequência do grande "estouro" que deu.
Uma má notícia para o Porto na visita ao Aves, repetindo-se o cenário da ausência do influente lateral-esquerdo da derrota em Famalicão.
E como Manafá também está suspenso (cinco cartões amarelos no campeonato), o Porto ficou sem os dois laterais de raiz que tem no plantel. Para a esquerda deverá avançar Diogo Leite, enquanto na direita será quase de certeza Corona a voltar a assumir a função de lateral. Ele que tem sido o autêntico abono de família do Porto neste regresso do campeonato, apontando os dois golos dos dragões até ao momento.
Ora, Alex Telles e Corona são de longe os jogadores mais influentes da equipa em termos ofensivos: Telles participou até ao momento em 21 dos 52 golos do Porto (8 golos + 5 assistências + outros 8 envolvimentos decisivos em jogadas de golo), enquanto Corona esteve em 18 (4+8+6).
Tendo em consideração que os dois jogadores tiveram participação conjunta em 3 golos portistas, isto significa que Telles e Corona desempenharam papel decisivo num total de
36 dos 52 tentos da equipa no campeonato (quase 70%).
Um dado que se torna ainda mais importante se recordarmos que mais uma vez os pontas-de-lança utilizados pelo Porto (Marega + Zé Luís, com Soares a entrar na segunda parte) não marcaram frente ao Marítimo. Nos últimos 10 jogos de campeonato, este trio tem apenas 2 golos apontados (1 de Marega e outro de Soares).
A visita a um condenado
Para o Porto, teoricamente, não poderia haver deslocação mais simples do que à Vila das Aves.
Assim o dizem os números: o Aves é último classificado desde a 6ª jornada, está a 12 pontos da linha de água (com 24 pontos em disputa) e ainda a 7 do penúltimo, o Portimonense. E atenção que ainda recebe os dois candidatos ao título, e vai a Braga e a Portimão.
Praticamente condenado, portanto, o Aves perdeu os últimos 5 jogos, sempre por 2 golos de diferença, e apenas marcou um golo (nenhum desde o regresso da liga).
Note-se ainda que 3 dessas 5 derrotas foram em casa, com Paços de Ferreira (adversário direto), Belenenses Sad e V. Guimarães.
No campeonato todo, os avenses contam só com 4 vitórias e, pior ainda, somente 1 empate, o que demonstra e reforça a ideia da pouca competitividade da equipa agora treinada por Nuno Manta Santos.
Em termos históricos, o Porto apenas cedeu 1 empate em 15 partidas com o Aves - aconteceu em 17/18 na Vila das Aves.
PROBABILIDADES NR: 7% Aves / 12% empate / 81 % Porto
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Rio Ave-Benfica (quarta-feira, 17 junho, 21.15)
Nesta altura a pergunta que os adeptos do Benfica farão é: "o que mais nos irá acontecer?"
Primeiro foi a liderança de 7 pontos perdida em 4 jogos, depois a Covid19, seguiu-se a longa paragem, o empate em casa com o Tondela quando podia recuperar liderança isolada, o atentado ao autocarro e, finalmente, a perda de 2 pontos depois de estar a ganhar 2-0 ao Portimonense no Algarve.
E pelo caminho os encarnados vão batendo recordes negativos: o mais recente é a série de 5 empates consecutivos para todas as competições (ultrapassando os 4 empates seguidos em 1964 - logo no início da temporada e que na altura não impediram a conquista do título nacional).
Uma segunda parte inexistente
Em Portimão, a história de novo empate trouxe também mais uma novidade negativa - foi a primeira vez neste campeonato que o Benfica desperdiçou uma vantagem no marcador. E ainda por cima de 2 golos.
Mas o facto é que, iludidos ou não pela vantagem de 2 golos, os encarnados praticamente não entraram para a segunda parte, o que teve os resultados conhecidos e se traduziu também em números preocupantes: o Benfica só criou 2 ocasiões claras de golo em todo o jogo (os golos) e só acertou 4 vezes no alvo, ficando ainda abaixo da já de si fraca média de remates no alvo por jogo que tem na liga: 5.
O muitas vezes duramente criticado, pelo adeptos da própria equipa, Pizzi, acabou por ser mais uma vez o salvador, marcando um golo e assistindo para outro. O médio continua a ser claramente o mais influente nas águias, com 15 golos, 9 assistências e outras 5 participações decisivas em jogadas de golo. Assim sendo, Pizzi esteve num total de 29 dos 54 golos do Benfica na Liga (54%). Aliás, basta dizer que é simultaneamente melhor marcador do campeonato e o melhor assistente da prova.
Momento de avançarem outros... avançados?
Para o fundamental jogo de Vila do Conde (até porque não é de esperar que o Porto tropece no dia anterior nas Aves), exige-se ao Benfica que volte a ser uma equipa dominadora e eficaz e para isso é fundamental que os avançados apareçam.
Carlos Vinicius tem mostrado estar completamente fora de forma. No regresso à competição, em dois jogos teve apenas uma ocasião para marcar, aumentando para 4 as partidas sem faturar - algo que já não acontecia há muito na Liga.
Assim sendo, poderá estar em causa o lugar de Vinicius no onze, uma vez que Lage conta com Seferovic e Dyego Sousa no plantel, primeiro e quarto melhores marcadores do campeonato na época passada.
É um facto que estes dois jogadores também não têm marcado, mas não são titulares e o tempo de que dispõem para o fazer tem sido pouco.
Um Rio Ave ainda a pensar na Europa
Em Vila do Conde, o Benfica vai encontrar o sexto classificado, que voltou a sonhar com uma posição europeia depois da importante vitória em Moreira de Cónegos, na sexta feira.
Um sonho que podia ser bem mais consistente, não fosse a surpreendente derrota caseira com o Paços de Ferreira no reatamento do campeonato (2-3), que surgiu após impressionante sequência de 9 jogos sem perder na liga... Ainda assim é impressionante o registo rioavista de apenas uma derrota nos últimos 11 jogos de campeonato.
Não deixa de ser, no entanto, verdade que o principal problema do Rio Ave no campeonato têm sido os jogos em casa. Na condição de visitantes, os vilacondenses são a 4ª melhor equipa, com 7 triunfos fora de portas. Já em casa, os números são mais modestos: 4 vitórias, 5 empates e 4 derrotas.
Ainda assim, lembre-se que o Rio Ave merecia mais na derrota tangencial (0-1) com o Porto ou no empate (1-1) com o Sporting, no Estádio dos Arcos. E já agora recorde-se também que equipa de Carvalhal ganhou esta temporada em Alvalade e empatou no Dragão.
Para terminar, refira-se que nos 3 últimos Rio Ave-Benfica registaram-se os 3 resultados possíveis, sendo que a vitória do Rio Ave aconteceu nos 1/8 da Taça de Portugal 2017/18.
Mas numa análise mais profunda e centrada na liga, a superioridade é claramente do Benfica: nos últimos 10 jogos de campeonato em Vila do Conde, 7 vitórias, 2 empates e 1 derrota.
PROBABILIDADES NR: 12% Rio Ave / 22% empate / 66% Benfica
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Sporting - Tondela (quinta-feira, 18 junho, 21.15)
Os leões não se podem queixar do regresso da Liga: nas duas jornadas alcançaram o Braga no terceiro lugar ( com 46 pontos), tirando partido das duas derrotas dos minhotos. No entanto, há ainda que contar com o Famalicão (43 pontos) e com o próprio Rio Ave (41) na luta pelos lugares europeus.
Construir de trás e com jovens
Para já, nota-se bem que o Sporting é uma equipa em quase completa reconstrução. Rúben Amorim não abdica de impor as suas ideias e ir conseguindo equilibrar esse processo de renovação com resultados desportivos positivos é o melhor que se pode pedir ao novo treinador.
Na receção a um Paços de Ferreira em bom momento, os lisboetas não foram exuberantes em termos ofensivos (apenas 3 ocasiões claras de golo criadas), mas mostraram consistência defensiva, mais uma vez atuando com 3 centrais, um deles com 18 anos (Eduardo Quaresma). E o fato é que os "Castores" apenas tiveram uma ocasião clara para marcar,
No ataque, destacou-se Jovane Cabral que, tal como em Guimarães, realizou exibição de encher o olho e apontou mesmo o golo da vitória, apenas o seu 2º na prova, na qual foi utilizado somente 567 minutos (dos quais 180 desde o regresso do campeonato).
Parece igualmente claro que outros jovens como Eduardo Quaresma, Rafael Camacho, Matheus Nunes, Gonzalo Plata, Nuno Mendes, entre outros, fazem parte fundamental do processo de reconstrução da equipa pretendido por Rúben Amorim. E a pergunta é: quem serão os próximos a merecer uma oportunidade?
Um visitante perigoso
O Sporting recebe na quinta-feira o Tondela, um dos maiores especialistas a jogar fora de casa da liga portuguesa: tem 19 pontos conquistados como visitante, num total de 29. Em 13 jogos fora, só perdeu 5, tendo ganho 5 e empatado 4. E recorde-se que no reatamento do campeonato surpreendeu meio mundo ao empatar na Luz.
Além disso, os beirões voltaram fortes à liga: já conquistaram 4 pontos em 6 possíveis, contra apenas 2 nos últimos 5 jogos antes da paragem. Desta forma, praticamente garantiram a manutenção, embora seja fundamental que mantenham a concentração competitiva, uma vez que ainda têm de defrontar 4 dos 5 primeiros classificados (Porto, Braga, Sporting e Famalicão).
As possíveis dificuldades da missão do Sporting na receção ao Tondela podem muito bem ser ilustrada pela história: nas únicas 4 visitas a Alvalade o Tondela só perdeu uma vez, arrancando 3 empates, sempre com golos.
PROBABILIDADES NR: 70% Sporting / 20% empate / 10% Tondela
