Depois da paragem forçada do campeonato, continuou a estranha crise de confiança dos dois candidatos ao título (o FC Porto somou a segunda jornada seguida sem vencer e o Benfica já vai na terceira), fazendo aumentar exponencialmente a pressão sobre as duas equipas nos jogos desta quarta-feira.
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1. Portimonense-Benfica (qua., 10 junho, 19.15)
Como se já não fosse suficiente o frustrante empate caseiro contra o Tondela (que impediu a ultrapassagem ao Porto no reatamento da Liga), Bruno Lage e seus pupilos foram também vítimas de um atentado no regresso ao Seixal.
Tudo isto torna a visita a Portimão ainda mais importante no caminho da desejada revalidação do título - depois de 3 empates consecutivos na prova (em casa com o Moreirense, fora com o V. Setúbal e em casa com o Tondela) só a vitória poderá acalmar o ambiente e inverter uma tendência que começa a ser quase inverosímil.
Nos últimos 6 jogos do campeonato os encarnados venceram apenas 1 (em Barcelos), somando ainda 3 empates e 2 derrotas. E se tivermos em conta todas as competições, o Benfica só conseguiu um triunfo em 9 encontros.
Bruno Lage: do sonho ao pesadelo
Para o treinador Bruno Lage, a história dos últimos jogos tem sido um autêntico filme de terror, depois de um romance intenso com os adeptos do Benfica.
Nos seus primeiros 37 encontros de campeonato, Lage somente perdera 5 pontos na liga portuguesa (num total de 111 disputados. De repente, em 6 jogos perdeu 12 pontos.
Lage continua a viver do crédito que conquistou ao venceu o anterior campeonato depois de ter 7 pontos de atraso para o Porto. Mas está a gastar esse crédito de forma muito rápida: nesta liga chegou a ter também 7 pontos de avanço sobre o mesmo rival, mas a sucessão de maus resultados, que tornaram o Benfica dependente de terceiros para ser campeão, ameaça cada vez mais a posição do treinador.
E bem se pode perguntar onde estaria Bruno Lage se o Porto tivesse vencido os seus 2 últimos encontros e contasse neste momento com mais 5 pontos do que os encarnados (e vantagem no confronto direto...).
A importância da eficácia perdida
Tal como já acontecera nos dois jogos anteriores (Moreirense e V. Setúbal), na receção ao Tondela os números ofensivos do Benfica foram muito superiores às suas médias no que levamos de campeonato. Mais remates, mais remates na área, mais oportunidade de golo, mais posse de bola.
Contra o Tondela, os encarnados voltaram a repetir as 9 ocasiões claras de golo que haviam construído contra o Moreirense e o V. Setúbal, bem acima da sua atual média na liga: 5.8 por jogo.
Ou seja, o Benfica nos 3 últimos jogos de campeonato - 3 empates - criou um total de 27 oportunidades mas apenas concretizou 2. E ambas de penalti, através de Pizzi.
Isto significa que a grande arma dos encarnados em todo o campeonato - a eficácia no aproveitamento das ocasiões, mormente por parte de Carlos Vinicius - parece ter desparecido de forma abrupta e misteriosa, custando muitos pontos à equipa, mormente nestes 3 derradeiros encontros. Até à jornada 22, o Benfica tinha um aproveitamento das ocasiões de golo de praticamente 40%; nas jornadas 23, 24 e 25, esse aproveitamento baixou para...7%.
A equipa mais prejudicada por jogar sem público?
Bem se pode dizer que se não conseguir alterar esta complicada relação com o golo, a águia dificilmente poderá chegar ao título, começando já na visita a Portimão.
É um facto que o Benfica é a melhor equipa do campeonato a jogar fora (confirmando que tem sido na Luz que o Benfica tem realmente falhado: 10 pontos perdidos em casa contra 5 perdidos fora), mas pode muito bem acontecer que os encarnados sejam a equipa a pagar o preço mais alto pela ausência de público nas bancadas no que falta de campeonato.
Mesmo sem falar do Estádio da Luz (ainda na semana passada considerado internacionalmente como um dos 30 estádios mais difíceis para os adversários), costuma-se dizer que em quase todos os estádios do país - com a exceção do Dragão, de Alvalade e de Guimarães -, mesmo quando joga fora o Benfica tem muitos mais espectadores do seu lado.
Claro que em Portimão o Benfica defronta o penúltimo classificado do campeonato, que só venceu 2 vezes em casa - embora tenha empatado 6.
É verdade que com a chegada de Paulo Sérgio ao banco algarvio, o Portimonense melhorou em termos defensivos: de 1.5 golos sofridos em média por jogo passou para 1, tendo por exemplo perdido no Dragão com um golo apontado aos 87 minutos.
Historicamente, o Benfica dá-se bem em Portimão, onde apenas perdeu uma vez em 16 deslocações (a que junta 2 empates). A pior notícia para os benfiquistas é que essa única derrota aconteceu na última visita ao Algarve, na época passada (0-2), custando o emprego a Rui Vitória.
PROBABILIDADES NR: 10% Portimonense /20% empate / 70% Benfica
2. Porto - Marítimo (qua, 10 junho, 21.30)
O FC Porto entra em campo no Dragão poucos minutos depois do final do Portimonense-Benfica. Até ao fim do campeonato os portistas jogam 5 vezes após o seu rival direto na luta pelo título (na última jornada, se ainda nada estiver decidido, vão jogar ao mesmo tempo), e veremos qual pode ser o peso deste fator.
Para já a boa notícia para os portistas é que não defrontam um adversário minhoto: até ao momento, as 3 derrotas dos dragões na liga aconteceram frente a equipas do Minho (sempre por 1-2, frente a Gil Vicente, Braga e Famalicão).
Além disso, o Porto tem sido mais forte em casa - exatamente com os números opostos do Benfica: 5 pontos perdidos como anfitrião contra 10 perdidos enquanto visitante.
O jeito que dá Alex Telles
Na receção ao Marítimo, o Porto não se pode dar ao luxo de continuar a desaproveitar a longa sequência negativa do Benfica: a verdade é que nos dois últimos jogos o Porto perdeu 5 pontos em 6, e podia estar agora com 5 de avanço sobre os encarnados, o que a 9 jornadas do fim permitia-lhe até empatar um jogo e perder outro...
Tal como referimos no caso do Benfica, os números ofensivos dos portistas no regresso do campeonato (em Famalicão) não ficaram atrás das suas médias no campeonato: 6 oportunidades de golo claras (contra uma média por jogo na liga de 5.8); 16 remates efetuados (média de 15.3); 6 remates no alvo (média de 5.4); 15 remates na área (11 de média).
Em Famalicão, o problema do Porto esteve essencialmente na falta de aproveitamento dos lances de bola parada: 7 cantos e 9 livres diretos perto da área contrária. Ora o Porto leva neste momento 22 golos de bola parada num total de 51 marcados no campeonato, e costuma criar em média quase 3 situações de perigo em lances de bola parada por jogo. Frente ao Famalicão criou apenas 1.
Para tal contribuiu decisivamente a ausência de Alex Telles (suspenso, por acumulação de cartões amarelos), que bate quase todos os lances de bola parada. O brasileiro teve até agora influência direta em 21 dos 51 golos do Porto: 8 como marcador, 5 como assistente; 8 como participante em lances de golo, quase sempre como batedor de faltas e cantos.
Uma oportunidade para Diogo Costa?
Mas não é apenas o regresso de Alex Telles (entretanto, supostamente, vendido ao PSG) que gera muita expectativa na receção ao Marítimo. Há também quem considere possível que Sérgio Conceição faça alterações na baliza portista, já que Marchesin foi mal batido nos dois golos do Famalicão, principalmente no primeiro...
Além disso, a perda de consistência nas exibições do guarda-redes argentino já vem de trás. Até à jornada 15, Marchesin realizou 14 partida da liga, nas quais somou 16 defesas fundamentais, sem ter qualquer culpa nos golos. sofridos.
Já nos últimos 10 jogos, efetuou apenas 5 defesas decisivas e esteve mal em 6 golos adversários. Coincidência ou não, esta perda de protagonismo positivo surgiu depois do seu afastamento temporário devido à famosa festa de aniversário da esposa de Uribe.
Convém ainda lembrar que Sérgio Conceição já por mais de uma vez "sentou" o guarda-redes titular quando considerou tal importante, mesmo tratando-se de Iker Casillas. Será que Diogo Costa vai ter a sua oportunidade?
Avançados sem golos
Tal como acontece com o Benfica, para regressar às vitórias o Porto precisa que os seus avançados sejam capazes de marcar golos. Na liga, Marega tem 1 golo apontado nos últimos 10 jogos; Soares tem também 1 mas em 7 partidas, enquanto Zé Luís (que tem começado no banco) não marca no campeonato desde a jornada 12...
Nos últimos encontros, o Porto tem vivido dos golos recentes de Telles, Corona e Sérgio Oliveira. O português foi o melhor da sua equipa em Famalicão, onde fez mais uma assistência, mostrando que continua em boa forma, apesar da paragem: nona participação em golo nos últimos 8 jogos.
Registe-se ainda que o melhor que o melhor que o Marítimo conseguiu até hoje foi empatar duas vezes em 39 visitas ao reduto do Porto. O último empate foi há mais de 10 anos (08/09), tendo os insulares sofrido 29 golos nas últimas 10 partidas no Dragão, marcando apenas 4.
PROBABILIDADES NR: 80% Porto / 15% empate / 5% Marítimo
3. Sporting - Paços de Ferreira (sex., 12 junho, 21.15)
Um Sporting renovado pelas ideias de Rúben Amorim continua na luta pelo terceiro lugar apesar do empate em Guimarães, tirando partido da derrota do Braga frente ao Santa Clara.
São neste momento apenas 3 os pontos a separarem as duas equipas, com vantagem para os minhotos, mas também é um facto que talvez seja avisado não retirar o Famalicão desta equação, uma vez que está somente a 2 pontos do Sporting.
O novo Sporting de Amorim
Com Rúben Amorim, os lisboetas têm melhorado claramente os seus números ofensivos e por exemplo em Guimarães, remataram bem acima da sua média no campeonato (17 - 14.8), tiveram mais posse de bola (59% - 55%) e mais eficácia de passe (86% - 81%).
A partida de Guimarães confirmou ainda que Amorim quer continuar a trabalhar com base no seu esquema de 3 defesas (todos centrais), tal como fez no Braga. Já agora lembre-se que esse esquema foi utilizado em todos os 11 jogos que o jovem treinador leva no principal escalão, com 9 vitórias e 2 empates.
Simultaneamente, com Rúben Amorim parece ter chegado a hora de algumas das jovens promessas do plantel: Eduardo Quaresma, Jovane Cabral, Rafael Camacho, Matheus Nunes, Gonzalo Plata, sendo que os quatro primeiros foram titulares no Castelo. Nenhum destes 5 jogadores está entre os 16 mais utilizados até ao momento, sendo que Nunes e Quaresma conheceram mesmo estreias absolutas na presente temporada - ao jogo número 45 dos leões.
Paços em alta
O Sporting recebe na sexta feira um Paços de Ferreira que venceu 3 dos últimos 4 jogos realizados, incluindo um triunfo marcante no regresso do campeonato, em Vila do Conde, onde mora o sexto classificado da Liga. Recorde-se que antes destes 4 últimos encontros, o Paços perdera 4 partidas consecutivas.
A equipa de Pepa quer garantir a manutenção o mais depressa possível, tirando partido dos 6 pontos de vantagem que tem sobre o penúltimo, o Portimonense, adversário direto que recebe na Capital do Móvel na penúltima jornada.
Em Alvalade, os pacenses terão que se acautelar com o esloveno Sporar, que bisou em Guimarães e leva já quatro golos no campeonato, em 600 minutos de jogo. Tantos quantos Vietto, que precisou de quase 1600 minutos para chegar a essa marca.
A favor do Sporting está a história: nos últimos 10 jogos entre as duas equipas para o campeonato em Alvalade, os leões ganharam 6. Mas não deixa de ser verdade que o Paços soma 2 vitórias nesta série de encontros, em 2011 e 2013.
PROBABILIDADES NR: 72% Sporting / 18% empate / 10% Paços
