Em ano de estreia no Minho, a defesa de 24 anos rubricou uma das melhores temporadas da carreira. A norte-americana conversou com O JOGO sobre o trajeto no futebol e garante que tomou a decisão correta ao abraçar o projeto do Braga, encarado como uma "grande oportunidade".
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A dar cartas no Braga, clube para o qual se mudou no início da temporada, após passagens por emblemas de Estados Unidos e Israel, Leah Lewis, defesa de 24 anos, conversou com O JOGO sobre o trajeto no futebol e assume que deseja pisar os maiores palcos europeus. Na última época, foi a jogadora mais utilizada nas bracarenses, destacando-se pela regularidade e consistência defensiva.
Começou a carreira profissional nos Estados Unidos, nos campeonatos universitários, e também já jogou em Israel. Esta temporada deu o salto para o Braga e para a Liga BPI. Sente que tomou a decisão certa?
-Escolhi o Braga porque vi uma grande oportunidade de jogar a um nível superior e estava ansiosa por atuar num país diferente. Estou satisfeita e o estatuto deste emblema, tal como a sua história no futebol português, apaixonou-me. Antes de tomar a decisão, assisti a alguns jogos e vi que era um clube perfeito. O Braga oferece um ambiente profissional e muito competitivo. A cidade é pitoresca e tem os melhores adeptos. É um orgulho representar este emblema.
E como foi a adaptação a uma nova realidade?
-A adaptação foi suave. Todas as minhas colegas foram extremamente acolhedoras, o que facilitou a transição.
Desde 2020 que tem atuado no futebol europeu, longe da sua família e amigos. Como lida com as saudades de casa?
-Para ser honesta, estar longe de casa não tem sido assim tão difícil. Em primeiro lugar, viver num país tão único e tão bonito torna tudo mais fácil. Em segundo, sempre cresci a viajar, por isso, habituei-me a estar longe da família.
A gastronomia portuguesa talvez seja bem diferente...
-O que gosto menos em Portugal é da comida. No entanto, gosto muito das paisagens do país. São fabulosas.
A Leah apresentou-se ao mais alto nível nesta época de estreia na Liga BPI. Foi a jogadora com mais minutos do plantel e uma das figuras do Braga. Esta foi a melhor temporada da sua carreira?
-Estou muito grata por ter conseguido jogar tantos minutos este ano. Os treinadores acreditaram em mim e dei uma boa resposta. Tento sempre aprender e crescer.
O Braga terminou a Liga BPI no terceiro lugar e foi finalista derrotado na final da Taça da Liga e da Taça de Portugal. Coletivamente, que análise faz à temporada?
-Foi um ano de aprendizagem, tanto individualmente como coletivamente. A nossa equipa estabeleceu objetivos que, infelizmente, não foram alcançados, mas é algo para lutar no próximo ano.
Dado o seu percurso, que semelhanças encontra entre o futebol português e israelita?
-Acho que o futebol português é realmente semelhante ao estilo do futebol israelita. O foco está mais na parte tática e técnica e não na parte física. O jogo é fluido e as equipas têm a preocupação de jogar bom futebol.
Recuando aos primórdios da carreira, como começou o seu percurso no futebol?
-Jogo futebol desde muito jovem. Os meus pais colocaram-me em muitos desportos, como o basquetebol, dança competitiva e atletismo. O meu pai jogou futebol americano a nível profissional e sinto que ele incutiu esse espírito desportivo em nós. Quando cheguei ao liceu, tive de fazer uma escolha e preferi o futebol.
Há alguma referência que tem acalentado esta sua paixão e a caminhada na modalidade?
-Sempre fui fã da Crystal Dunn. Quando tinha 15 anos, fui a um campo de futebol universitário da UNC Chapel Hill e joguei contra ela. Foi daí que surgiu a minha admiração. Sempre adorei a versatilidade dela. Para mim, foi inspirador ver uma atleta também afro-americana a percorrer um belo caminho.
Até onde quer chegar no futebol?
-Sempre sonhei jogar na Liga dos Campeões e chegar aos maiores palcos da Europa.
"A Liga BPI vai ser mais dura, até pela implementação do VAR"
Sobre a próxima edição da Liga BPI, Leah antevê uma prova recheado de qualidade e acredita que o emblema minhoto irá lutar pelo título. "A Liga BPI vai ser ainda mais competitiva e dura, até pela implementação do VAR. Espero que o Braga continue a lutar e que a competição seja saudável", diz a defesa. A norte-americana comentou ainda as participações de Portugal e Estados Unidos no Campeonato do Mundo e garante que apoia as colegas portuguesas. "Penso que ambas as equipas têm hipóteses de lutar. A seleção dos Estados Unidos tem muitas lesões, mas vai lutar. Quanto a Portugal, tem uma equipa talentosa e estou animada. Apoio as minhas companheiras", remata Leah.