Jogadoras de futebol assinaram movimento contra o estabelecimento de um teto salarial.
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Centenas de jogadoras assinaram um documento em que manifestam profundo desacordo contra a introdução de um teto salarial no futebol feminino português.
A iniciativa, denominada "Futebol sem Género", surge na sequência da decisão anunciada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) - inserida no regulamento -, que decretou a entrada em vigor de um limite salarial de 550 mil euros nos plantéis da Liga BPI na próxima temporada.
"É perante esta determinação que as aqui requerentes se têm de opor veementemente, fazendo-o não apenas porque são interessadas, mas sobretudo porque tal medida é avassaladoramente violadora dos seus direitos individuais enquanto jogadoras de futebol, tutelados pela Lei mas, sobretudo, violadora dos direitos humanos protegidos ao nível nacional e internacional. Importando, desde já, expor que a determinação de um limite máximo para a massa salarial do futebol feminino, sob a capa da trágica situação de saúde pública que hoje vivemos, para além de eticamente censurável é total e ostensivamente discriminatório", pode ler-se no referido documento.
"Como pode a FPF arrogar-se como defensora da igualdade e da indiscriminação quando viola deste modo a promoção da igualdade de género? Prefere a FPF impor um teto salarial drástico no futebol feminino e nada fazer quanto ao futebol masculino? Por que razão? (...) Não restam dúvidas que a concretização desta regulamentação permitirá a sua sindicância nos tribunais nacionais, no TEDH e no Tribunal de Justiça, cuja jurisprudência é reveladora da defesa do princípio da igualdade", prossegue o comunicado, que termina com uma derradeira chamada de atenção à Federação:
"Esta é uma chamada de atenção para que a FPF inflita, desde já, um caminho que, antes de tudo, a descredibiliza, prejudicando, para além da correta e contínua evolução do futebol feminino, a afirmação do futebol enquanto modalidade global e aglutinadora. Devendo eliminar, antes que seja tarde, tal normativo que estabelece um 'Salary Cap' exclusivo para o futebol Feminino, tentando, ainda, fazê-lo aprovar a coberto da trágica situação de pandemia", rematam as jogadoras, que também recorreram às redes sociais para darem voz ao movimento.