Em depoimentos ao Ministério Público espanhol, a jogadora detalhou os episódios em que foi alvo de pressão por parte da respetiva federação de futebol (RFEF) para desvalorizar publicamente o momento em que foi beijada pelo antigo presidente do organismo, após a conquista do Mundial feminino.
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O jornal Marca revela esta terça-feira que Jenni Hermoso, no seu depoimento ao Ministério Público (MP) espanhol, detalhou quatro cenários em que sentiu pressão por parte da respetiva Federação de futebol (RFEF) para desvalorizar o beijo que recebeu de Luis Rubiales após a conquista do Mundial feminino.
Depois desse momento, que acabaria por levar à demissão do antigo presidente da RFEF, contra quem Hermoso também apresentou queixa no MP, a jogadora explicou que essas pressões começaram no balneário da seleção, praticamente a seguir ao beijo.
"Estava no balneário e disseram-me para sair, porque se estava a falar muito do beijo. Eu disse-lhes: 'Sei como foi e ele não esteve bem'. Ele tentou desviar um pouco o tema e disse que nos pagava a todas uma viagem para Ibiza. Ele agarrou o meu ombro porque estava ao lado dele e foi aí que me comecei a sentir incomodada. Vi que estava a acontecer algo mais grave, que o que tinha acontecido não era normal e que nunca o foi em algum momento", referiu.
Após essa interação, Hermoso denuncia que, durante o regresso a casa, houve dois momentos em que sentiu estar a ser alvo de uma tentativa de coação por parte de Rubiales, que procurava a todo o custo emendar o seu erro.
"No autocarro, havia um silêncio mortal. Mostraram-me um pedaço de papel em que não tinha dito uma palavra e comentaram que as coisas estavam a andar. Senti-me coagida", apontou, seguindo para outro momento, quando estava dentro do avião em que a seleção viajou.
"Uma companheira disse-me para estar atenta porque Vilda [ex-selecionador] estava a dar voltas para falar com a minha família. Ele disse ao meu irmão que, se o ajudasse, as coisas podiam correr bem para mim, que era o que tinha de fazer. Rubiales disse-me que tinha de o ajudar com um vídeo em Doha, porque o estavam a chamar agressor. Disse-me para o fazer pelas suas duas filhas, que estavam a chorar", revelou.
De resto, a viagem até Ibiza foi o quarto e último momento em que dois diretores da RFEF terão feito uma última tentativa de convencer Hermoso a desvalorizar publicamente o beijo de Rubiales, o que nunca veio a suceder.
Inicialmente suspenso pela FIFA, Rubiales viu-se obrigado a demitir na sequência do escândalo, que também levou à saída do selecionador Jorge Vilda, apesar de este ter sempre negado as referidas tentativas de coação para ajudar o antigo líder máximo da RFEF.