Saray Garcia chegou ao Clube de Albergaria em novembro e assume que o principal objetivo é estabilizar a equipa
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Saray Garcia assumiu o comando do Clube de Albergaria em novembro, sucedendo a Manuel Pinho, e ostenta um registo de duas vitórias e três derrotas desde então. Natural de Madrid, 39 anos, a treinadora detentora da licença UEFA PRO aventurou-se pela primeira vez fora de Espanha. Como antiga futebolista, Saray foi internacional A por Espanha e iniciou a sua carreira no Torrejón, representando também o Rayo Vallecano, pelo qual se sagrou campeã nacional em 2010, o Madrid CFF e o Logroño. Num exclusivo para O JOGO, a treinadora partilha a sua visão sobre o futebol feminino e os desafios que se lhe deparam.
Espanhola, 39 anos, conta a O JOGO que adaptar-se às jogadoras e introduzir uma nova abordagem foram desafios iniciais, mas o compromisso do grupo destaca-se, apesar das limitações estruturais.
É a primeira experiência da Saray fora de Espanha, o que a levou a aceitar o convite do Clube de Albergaria?
-O Clube de Albergaria tem história e paixão no futebol feminino, aliado ao desejo de contribuir para a mudança em direção à profissionalização. Esses foram motivos determinantes. O tratamento próximo por parte da Direção também desempenhou um papel crucial.
Como treinadora, qual é a filosofia de jogo do Clube de Albergaria e como tem moldado o estilo da equipa?
-Gosto de apostar num jogo corajoso e assumir o controlo da partida. Gosto de dominar todas as situações e ter esse poder, tal como interpretar as nuances sem temor. É vital que as jogadoras compreendam plenamente o que fazem e porquê. Assim, teremos jogadoras capazes de enfrentar diversas situações, contribuindo com soluções consistentes. Estamos a introduzir gradualmente uma nova ideia, criando conexões inexistentes até agora. É uma equipa corajosa.
Trajeto: Saray foi coordenadora e treinadora do Logroño, Tenerife e CF Futbolellas
Quais têm sido os principais desafios?
-O primeiro passo foi adaptarmo-nos rapidamente às jogadoras e fazer com que compreendam a nova abordagem. A partir daí continuaremos a crescer juntas. Apesar de não termos as condições de uma equipa profissional, o nosso grupo destaca-se pelo alto nível de compromisso, talento e ambição.
Qual é o seu ponto de vista sobre a Liga BPI?
-É uma competição envolvente, mas as disparidades entre as equipas mais profissionais e as que têm menos recursos limitam a competitividade. Uma liga mais nivelada resultaria numa competição mais acirrada. Estou otimista, apesar do desenvolvimento tardio. Isso permite-nos estudar e compreender o progresso de competições mais avançadas, integrando aspetos alinhados com a visão e filosofia do futebol feminino português.
“As disparidades entre as equipas mais profissionais e as que têm menos recursos limitam a competitividade”
Quais são as suas metas imediatas?
-Pretendemos estabilizar a equipa e, a partir desse ponto, desenvolver os fundamentos já estabelecidos para atingir os objetivos a longo prazo.
O Clube de Albergaria tem uma forte tradição na formação de jovens jogadoras. Como planeia integrar talentos da academia na equipa sénior? Acredita na importância de dar oportunidades a jogadoras jovens?
-Faz parte da filosofia do clube formar jogadoras com qualidade para a equipa principal. Nós tentamos acompanhar o desenvolvimento da formação para proporcionar oportunidades e temos bons valores. Há jogadoras que nos têm surpreendido pela positiva.
“O nosso grupo destaca-se pelo nível alto de compromisso, talento e ambição”
Dada a experiência como jogadora e sendo internacional A por Espanha, como acha que essa vasta experiência dentro das quatro linhas influencia a sua abordagem como treinadora?
-Todos estes anos ajudaram-me a definir claramente a minha compreensão do futebol. Cada pessoa tem a sua abordagem pessoal, e tenho absorvido um pouco de cada uma, incluindo jogadoras. É muito importante ter uma visão ampla e estar em aprendizagem contínua. A experiência internacional proporcionou-me uma perspetiva única.
Qual é a principal virtude que um treinador deve ter para conquistar o grupo de trabalho?
-Empatia e confiança são cruciais para estabelecer uma ligação com toda a comitiva. Além disso, é fundamental saber transmitir e garantir que a mensagem seja compreendida, percebida, por todas as atletas.