Furadouro à varanda a torcer por Andreia Norton: "As pessoas gostam muito dela"
Os tios da craque da Seleção Nacional, Manuel Tavares e Carmo Tavares, tiveram a ideia de colocar uma bandeira de apoio à médio, que faz sucesso por cá e até já chegou ao estrangeiro. Com pouca ligação aos pais, Andreia Norton, 26 anos, foi criada pelos tios na Praia do Furadouro (Ovar), onde é um ícone.
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Se entrar na avenida pedonal do Furadouro, que dá acesso à praia, não se admire se num dos prédios der de caras com uma bandeira portuguesa, alusiva a Andreia Norton. A ideia foi de Manuel Tavares e Carmo Tavares, os tios da craque da seleção portuguesa, que a acolheram e criaram, desde que ela andava na escola primária, e por quem nutrem um carinho especial.
"A Andreia é como se fosse uma filha para nós. Colocámos esta bandeira na varanda na quinta-feira, pouco antes do primeiro jogo, contra os Países Baixos, e vai ficar até que termine a participação de Portugal no Mundial", refere Manuel, sublinhando que a mesma faz sucesso no Furadouro e não só, já que através das redes sociais a bandeira também chegou pelo menos a França e aos Estados Unidos, onde vivem familiares de Carmo.
Os residentes no Furadouro, estes também param e aplaudem o gesto, pois sempre que Andreia está de férias faz uma visita "a casa", onde é sempre bem recebida. "Se ela fizer esta avenida a pé até à praia, demora muito tempo porque está sempre a receber elogios e carinho das pessoas, que gostam muito dela", diz a tia Carmo, acrescentando que o gosto pelo futebol apareceu desde cedo. "A Andreia nunca quis brincar com bonecas, só pensava em jogar à bola", partilha.
E Manuel desvenda qual a maior qualidade da sobrinha. "O que mais a diferencia é a garra. Não tem medo de ter a bola nos pés e é muito difícil tirarem-lha".
Quando começou era a única no meio dos rapazes
Andreia Norton começou a jogar futebol no Furadouro, na companhia do primo Micael Norton, e depois mudou-se para a Oliveirense. Nestes clubes foi sempre a única rapariga no meio dos rapazes. Manuel conta que "alguns até diziam que ela jogava melhor do que eles". Dali, a médio transferiu-se para o Cesarense e Albergaria, onde já integrou equipas de futebol feminino. Seguiu-se o salto para o Barcelona, tendo passado também pelo Braga, SC Sand (Alemanha), Inter (Itália) e Benfica, pelo qual assinou até 2025.
Cafés cheios de gente a apoiar
Não é só a seleção masculina e os três grandes que reúnem muita gente nos cafés a apoiar e a comentar, seguindo com atenção as incidências do jogo. Apesar de o horário do primeiro jogo de Portugal contra os Países Baixos ter sido relativamente cedo (8h30) e a um domingo, os tios de Andreia revelaram que, por toda a avenida que dá acesso à praia do Furadouro, os cafés contaram com "algumas dezenas de apoiantes" da médio da seleção portuguesa, idolatrada nesta zona. Este é também um sinal de que o futebol feminino está a ganhar cada vez mais relevo na sociedade. "Vimos o jogo no conforto da nossa casa, mas depois contaram-nos que muitos cafés estiveram bem compostos", referem.
No Brasil à procura do pai
Há cerca de um mês, Andreia Norton viajou para o Brasil com a colega de seleção Diana Gomes com o intuito de conhecer pessoalmente o pai, Valdecir Ribeiro da Silva, que tem a alcunha de Pingo. O progenitor de Andreia jogou na Ovarense, na época 1995/96, no decurso da qual a médio nasceu, mas depois deixou a mãe, Adelina Norton, e mudou-se para o Brasil, tendo passado todo este tempo sem ver a filha, de 26 anos. Além de ter conhecido as suas raízes, Andreia não esqueceu a bola e fez vídeos a jogar com meninos na rua.