Frieza nórdica ditou surpresa na Taça de Portugal: "Vencer nestas circunstâncias..."

Ásdís Halldórsdóttir
SC Braga
Ásdís Halldórsdóttir assinou o golo decisivo que eliminou o Sporting da Taça de Portugal feminina e levou as arsenalistas aos quartos de final. Em declarações a O JOGO, a avançado internacional islandesa, de 25 anos, fala de uma vitória "especial", da maturidade da equipa nos momentos decisivos e da ambição de lutar por títulos.
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O Braga assinou uma das grandes surpresas desta edição da Taça de Portugal ao afastar o Sporting, num encontro resolvido apenas nos instantes finais. No Estádio Amélia Morais, as arsenalistas venceram por 1-0, com um golo de Ásdís Halldórsdóttir, aos 87 minutos, garantindo a presença nos quartos de final da competição, onde irão defrontar o Rio Ave. Em declarações a O JOGO, a internacional islandesa explica o significado de uma vitória que reforça a identidade, a ambição e a confiança do grupo orientado por Marwin Bolz, e fala ainda do processo de adaptação a Braga, depois de ter chegado esta época proveniente do Madrid CFF.
Eliminar o Sporting é sempre um feito significativo. O que representa esta vitória para o Braga e para o grupo?
-É uma vitória muito importante para nós. Queremos estar na luta por todos os troféus possíveis, e defrontar um adversário como o Sporting logo nesta fase torna o desafio ainda mais exigente. Por isso, vencer nestas circunstâncias é especial e dá-nos uma energia muito positiva para o que aí vem.
Sentia-se que o jogo podia decidir-se num detalhe. A equipa estava preparada para isso?
-Sim, sentiu-se claramente que podia ser decidido num pormenor. Foi um jogo muito equilibrado, entre duas equipas com qualidade. Estávamos bem preparadas, sabíamos o que tínhamos de fazer e isso ajudou-nos a manter a concentração e a acreditar até ao último minuto.
O que fez o Braga para se manter organizado e fiel ao plano?
-Fomos muito fiéis ao nosso plano de jogo. Mantivemos a pressão, tentámos ter bola, chegar ao último terço e nunca perdemos a organização, mesmo nos momentos mais difíceis. A equipa acreditou sempre e, no fim, acabou por resultar.
Que sinais deixa este jogo sobre a vossa capacidade para continuar a crescer e competir com as melhores?
-É sempre positivo vencer uma equipa forte e perceber a evolução que temos feito. Ao mesmo tempo, sabemos que precisamos de consistência e de manter este nível ao longo da época. Ainda não atingimos todo o nosso potencial, mas estamos no caminho certo, e isso deixa-nos muito otimistas em relação ao futuro.
O golo surge aos 87 minutos, num momento de enorme carga emocional. O que lhe passou pela cabeça?
-Foi uma sensação incrível. Trabalhámos muito durante todo o jogo, fizemos uma boa exibição e sentíamos que merecíamos aquele golo. Marcar tão perto do fim, ainda por cima para ajudar a equipa a seguir em frente na Taça de Portugal, é sempre muito especial.
Eliminar um "grande" aumenta a visibilidade, mas também as expetativas. Estão preparadas para isso?
-Sim, claramente. Temos uma equipa forte e colocamos expetativas altas em nós próprias. Se queremos competir por títulos, temos de saber lidar com a pressão. Acredito muito neste grupo e sinto que estamos prontas para esse desafio.
Tem vindo a ganhar cada vez mais peso na equipa de Marwin Bolz. Como olha para este momento?
-Sinto-me cada vez mais integrada. A adaptação a um novo contexto e a um novo estilo de jogo leva sempre algum tempo, mas agora sinto-me confortável e confiante. Estou a gostar do meu papel e focada em ajudar a equipa da melhor forma possível.
Com três golos e duas assistências em 12 jogos, sente que os números refletem o seu contributo?
-Acredito sempre que posso dar mais e continuar a evoluir. A fase de adaptação já passou e sinto-me cada vez melhor. Quero contribuir ainda mais, mas para mim o mais importante é o sucesso coletivo. Quando a equipa está bem, o individual acaba por surgir naturalmente.
Quando aceitou o desafio do Braga, o que procurava a nível pessoal e profissional?
-Fiquei muito entusiasmada desde o primeiro contacto. O Braga é um clube grande, com história, e eu procurava um ambiente onde pudesse crescer como jogadora, mas também lutar por títulos. Voltar a jogar a Liga dos Campeões é um objetivo importante para mim e isso passa por fazermos um bom campeonato.
Chegou de Espanha, de um contexto competitivo muito diferente. O que foi mais exigente na adaptação?
-Portugal é o quarto país onde jogo, por isso já estou habituada a adaptar-me a novos contextos. Há sempre diferenças no estilo de jogo, na cultura e no dia a dia. O futebol português é bastante técnico e direto, algo que se adapta bem às minhas características. A língua é sempre um desafio, mas fui muito bem recebida, o que facilitou bastante a adaptação.
Há algo que o futebol português lhe esteja a ensinar que não tenha aprendido noutros campeonatos?
-É diferente em vários aspetos. Existe uma grande valorização da qualidade individual, da tomada de decisão e da intensidade. A capacidade técnica e as escolhas nos momentos-chave têm um peso muito grande na forma como os jogos se decidem.
Triunfo serve de alavanca para ganhar fôlego na Liga BPI
Apesar de ocupar atualmente o sétimo lugar na Liga BPI, o Braga quer usar a vitória sobre o Sporting como catalisador para subir na classificação. Ásdís Halldórsdóttir sublinha a importância do campeonato. "Estamos muito focadas na Liga BPI. Não estamos totalmente satisfeitas com alguns dos resultados até agora, mas este é o momento de dar um passo em frente e começar a subir na tabela, para o lugar onde acreditamos que pertencemos. Esta vitória pode, sem dúvida, dar-nos um forte impulso para o que falta da época", admite a internacional islandesa.
