Filipa Patão, treinadora do Benfica, na antevisão à final da Taça de Portugal feminina, que se realiza no sábado, às 15h00, no Estádio do Jamor. Torreense é o adversário
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O Benfica é favorito? "É sempre ingrato falar em favoritos quando se fala de um adversário como o Torreense e do seu trajeto até aqui. Não devemos falar de favoritos, mas de duas equipas que merecem estar aqui, nesta final, que será ganha pela mais concentrada, mais competente e a que estiver no melhor dia. Gosto de falar de jogo e daquilo que vamos ter com toda a certeza: é um grande espetáculo. Cada jogo é um jogo, sei que o treinador aqui ao meu lado é competente na forma como olha o jogo, como o prepara e como prepara as jogadoras para darem o melhor e o seu máximo para criar problemas ao adversário."
Quatro vitórias na época frente ao Torreense, agora aproxima-se o quinto jogo: "Tivemos de suar muito. E em finais há sempre margem para técnica e taticamente surpreender. Acredito que as surpresas virão das dinâmicas e de nuances do próprio jogo. Não haverá grandes surpresas, mas posso estar enganada. Procuro eficiência e não eficácia, mas os jogos de Taça têm caráter sempre diferente. Nesse contexto, às vezes, as equipas perdem a própria vergonha e obrigam-nos a uma abordagem diferente. Isso também é bom para o nosso desenvolvimento como equipa e para o futebol feminino."
Sobrecarga de jogos: "É uma questão difícil de responder. É uma realidade, é difícil estarmos no melhor calendário ou no melhor dia para podermos apresentar este espetáculo magnífico que é no Jamor, seja masculino, seja feminino, este é um espetáculo completamente diferente e merece que as famílias estejam presentes. Culpados? É difícil encontrar culpados. O futebol está a começar a ser massacrante em termos de calendários competitivos, e não é um problema só cá em Portugal, nós sabemos isso porque também vimos na Champions e sabemos a carga que os jogadores estão sujeitos, sejam Europeus, Mundiais, Champions, calendários de clubes, Taças da Liga, Taça de Portugal, Liga BPI, portanto, isto é um problema do masculino, é um problema do feminino, é um problema da nossa liga, é um problema da UEFA, é um problema da FIFA e enquanto nós não tivermos a capacidade de às vezes nos sentarmos todas à mesa, batermos aqui um bocadinho do pé... Não é por mim, porque eu não corro, eu quanto mais posso estar aqui cansada psicologicamente, ou não dormir bem, ou o que for, porque é final da época, eu estou estourada. Risco de lesão é enorme, o risco de poderem perder uma época com uma lesão grave é enorme, nós não estamos a proteger os maiores protagonistas deste jogo que são os jogadores e as jogadoras, portanto, acho que acima da data da Taça de Portugal estão os calendários, está a forma como eles são feitos e é normal que, chegando a esta fase, com eleições no domingo, com a liga masculina a chegar ao fim e com a nossa já tendo terminado, é muito difícil de arranjar um dia e um calendário vantajoso, portanto, é um problema cultural, mas também é um problema de futebol mundial. Culpados somos todos, queremos muito e estamos a destruir a beleza e o espetáculo que temos aqui à nossa frente."