Filipa Patão: "Agora, se calhar, somos a fava que ninguém quer que lhes calhe"

Filipa Patão (treinadora do Benfica)

“O que marca este jogo é a forma como conseguimos reagir a uma desvantagem de 2-0 com o Barcelona, termos tido capacidade, confiança e motivação para dar a volta e acreditar que era possível. Evidenciámos uma grande capacidade de luta, de não deitar a toalha ao chão. Nos aspetos menos positivos, independentemente de estarmos nalguns momentos a defender em bloco baixo, temos de ter a capacidade de ser mais agressivas. É importante porque não vamos conseguir aguentar 90 minutos a pressionar um Barcelona ou um Chelsea. Temos de ser mais competentes a fechar os espaços e agressivas sobre a portadora da bola.

O que podemos retirar daqui [para o sorteio dos quartos de final] é que, se calhar, antes podíamos ser a fava boa para os clubes que terminaram em primeiro lugar, mas agora, se calhar, somos a fava que ninguém quer que lhes calhe. Ganhámos esse respeito, essa vantagem de os adversários nos olharem de outra forma. Sinceramente, isto é a Liga dos Campeões, saia o Chelsea, o Lyon ou o Paris Saint-Germain, todos sabemos que têm enorme valor, grandes orçamentos e grandes jogadoras. Mas as grandes jogadoras, por si só, não fazem grandes equipas. E nós temos uma grande equipa, seja qual for o adversário vamos lutar olhos nos olhos e tentar fazer o melhor possível.

Já não estamos a pensar nas coisas boas que fizemos, mas sim ‘e se aquela bola não tivesse entrado’. É sinal de que somos ambiciosas e isso é o que define esta equipa. Não consigo focar-me nessa parte histórica de ter travado o Barcelona, só consigo focar-me em que podíamos ter feito mais. Se nós arriscamos fazer mais é porque acreditamos que é possível e não nos damos por contentes com as pequenas coisas que alcançamos. Não consigo deixar de pensar no golo da desgraçada da Lucy Bronze, salvo seja. Mas há que dar mérito a esta equipa, temos de ficar contentes. Só posso dizer que estou orgulhosa deste projeto, deste grupo e do trabalho que o Benfica está a fazer para o futebol feminino em Portugal. Mas neste momento só consigo estar frustrada."

Andrea Falcón (jogadora do Benfica)

“Obviamente que estamos contentes, mas não festejámos, de todo. E uma equipa que não festeja um empate com o FC Barcelona, isso significa muito. Significa que queremos ganhar ao Barça. Demos um passo em frente e demonstrámos que temos capacidade para fazer coisas grandes.

O Barça não pensa que o resultado tenha sido por demérito delas. Conheço aquela casa e possa garantir que ali ninguém está a pensar isso. As únicas palavras que disseram foi ‘parabéns, têm uma grande equipa’. Por isso, há que valorizar o que fez esta equipa. E alguém pensava que estávamos nos quartos de final por acaso ou porque o grupo era fácil, hoje demonstrámos que estamos lá por mérito.

Qualquer equipa hoje estaria em festa por empatar com o Barça, mas nós não. Foi um detalhe, 30 segundos e por isso estamos frustradas. Fizemos um grande trabalho, mas sabíamos que podíamos ter levado os três pontos e é por isso que vamos lutar."

Jonatan Giráldez (treinador do Barcelona)

“Foi um jogo de loucos. Nos primeiros 25 minutos ficou a sensação de que podíamos ter feito mais um golo e matado o jogo, mas a nossa primeira parte não foi boa. É certo que o Benfica teve poucas ocasiões, mas as que teve foram claras. Talvez um resultado mais amplo ao intervalo fosse mais justo, mas é futebol. Nos últimos 10 minutos estivemos completamente por cima, fizemos o empate mas já não tivemos tempo para mais.

[Nos quartos de final] O Benfica pode ser uma equipa competitiva. Fizeram uma boa fase de grupos. Hoje fomos muito superiores, mas foram uma equipa que nos condicionou muito, conseguiram muitas situações de transição e têm jogadoras muito rápidas e perigosas como a Jéssica e a Raysla. E tiveram muito mérito em marcar quatro golos ao Barcelona, por isso, seguramente vão competir nos quartos de final."