"Estava no Sporting e no último ano senti que precisava de conforto familiar"
Mariana Azevedo, defesa de 26 anos do Famalicão, aponta à conquista da Taça de Portugal e diz que a crença foi a chave do sucesso.
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Mariana Azevedo chegou, viu e afirmou-se. A defesa de 26 anos, natural de Viana do Castelo, cumpre a segunda época no Famalicão e destaca-se como uma das peças mais importantes da formação orientada por Jorge Barcellos. A atleta admite que o grupo famalicense a fez sentir-se em casa desde primeiro dia e que a mudança para o Norte era necessária. Foi no Sporting que a internacional portuguesa deu nas vistas e venceu uma Liga BPI, uma Supertaça e uma Taça de Portugal. Contudo, foi no Valadares Gaia que se mostrou como uma jogadora diferenciada e deu o salto para um grande. Prefere sonhar em silêncio e deixar tudo seguir o rumo natural. No futuro, Mariana pretende continuar a crescer e aumentar a coleção de troféus.
O Famalicão afastou o Amora por um resultado esclarecedor ( 7-2 ) no conjunto das duas eliminatórias e estará, pela primeira vez, na final da Taça de Portugal, onde irá enfrentar o Sporting. Qual foi a chave do sucesso?
-Penso que foi acreditar no trabalho que este grupo desenvolve diariamente e pensar jogo a jogo. Somos um grupo jovem e alegre, temos uma enorme qualidade e colocamos isso dentro de campo.
Sente que o Sporting parte como favorito à conquista do troféu no Jamor?
-Os confrontos que tivemos com o Sporting foram muito equilibrados. Tenho a certeza de que será um grande espetáculo de futebol no dia 8 de maio no Estádio do Jamor. Ganhar a Taça é o objetivo. É um troféu que queremos e que este clube merece.
Como caracteriza a temporada do Famalicão?
-A nível coletivo, penso que este grupo tinha capacidade para muito mais. Infelizmente, a verdade é que o futebol nem sempre é justo. Porém, carimbar presença na final da Taça de Portugal é uma conquista mais do que merecida para toda a estrutura do clube.
É a segunda temporada da Mariana com o emblema do Famalicão ao peito. Que balanço faz desta época ao serviço do clube?
-A nível pessoal, o balanço é positivo. Um dos grandes objetivos traçados por mim era voltar a ser chamada à Seleção e conseguir o máximo de minutos no clube.
Como surgiu a oportunidade do Famalicão?
-Estava no Sporting e no último ano senti que precisava de conforto familiar. E o Famalicão foi a oportunidade perfeita. A adaptação foi ótima e voltei a jogar com pessoas que considero amigas, mesmo fora do contexto de futebol. O grupo fez-me sentir em casa desde o primeiro dia.
Antes de se mudar para o Norte do país, esteve três temporadas em Alvalade ao serviço do Sporting. Como foram esses tempos?
-Foram muito positivos por vários motivos. Estava no Valadares Gaia e abracei um novo projeto. Saí da minha zona de conforto e cresci imenso, tanto a nível pessoal como profissional. O Sporting é um clube que sabe receber e é muito profissional.
A pergunta da praxe: como surgiu esta paixão pelo futebol?
-Não me lembro ao certo. Mas, desde pequenina que adorava jogar futebol com os meus irmãos e amigos. O meu primeiro clube foi aos 14 anos.
Quem é sua referência como jogadora?
-Não tenho apenas uma referência. Há jogadoras que admiro bastante, mas as minhas referências são do futebol masculino. São muitas.
Dentro de campo, qual é a sua principal característica?
-Penso que a minha principal característica nos relvados é ser bastante aguerrida.
Quais foram as maiores dificuldades que sentiu até agora?
-Tive dois momentos marcantes. Um foi quando perdi um grande pilar na minha vida. O outro foi estar longe da família quando necessitava muito dela e precisava de sentir um apoio próximo.
No futuro, quais são as ambições?
-Continuar a crescer como jogadora e conquistar mais títulos.
A Mariana, sendo uma jogadora profissional de futebol, sente que tem de sacrificar e abdicar de muitas coisas da vida pessoal?
-Sim, é verdade. Mas, por outro lado, somos umas privilegiadas, porque podemos chamar de "trabalho" ao que mais amamos fazer.
Qual é a sua opinião acerca de futebol feminino em Portugal em geral e da Liga BPI em particular?
-É mais do que notória a evolução do futebol feminino no nosso país. Há cada vez mais clubes profissionais e tenho a certeza de que o crescimento ainda vai ser maior ao longo do tempo. Na Liga BPI, há muita competitividade e é difícil escolher as melhores jogadoras. Nisso vemos a qualidade da Liga. Mas, se perguntar qual é a melhor equipa, a resposta é óbvia: Famalicão!
Sente que a jogadora portuguesa já é mais valorizada no mundo do futebol feminino?
-Claro que sim. Um exemplo disso é o respeito que a nossa Seleção tem conquistado, e isso acontece pela qualidade que a jogadora portuguesa apresenta.
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