A equipa de João Marques venceu por 2-1 em Albergaria, com Catarina Realista a marcar os dois golos. Após um longo jejum de vitórias e golos, a médio de 29 anos quebrou a seca com dois remates certeiros. Catarina falou com O JOGO sobre o momento da equipa e diz que ainda falta “estrelinha”.
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Depois de cinco jogos sem vencer e quatro sem marcar golos, o Racing Power finalmente deu um pontapé na maré negativa e venceu, por 2-1, no reduto do Clube Albergaria. A equipa da casa esteve em vantagem durante grande parte do desafio, com um golo de Laura Luís, mas sofreu a reviravolta com um bis marcados perto do fim por Catarina Realista. Lançada ao intervalo nas “Power Rangers”, a médio de 29 anos apontou dois golos em pouco mais de cinco minutos, aos 83’ e 87’, e ofereceu os três pontos à formação de João Marques.
Após um longo período sem ganhar, esta vitória tem um sabor ainda mais especial? Qual o impacto deste triunfo para o grupo?
-Foi uma vitória muito importante, não só pelos três pontos, mas pelo impacto que teve no nosso estado de espírito. Vínhamos de três derrotas seguidas, algo que não estávamos habituadas a viver, e precisávamos de algo que nos desse confiança e alento. A forma como conseguimos a vitória, mesmo nos minutos finais, mostra-nos que ainda temos muito para dar e que estamos unidas. No fundo, são sempre três pontos, mas emocionalmente faz toda a diferença.
A Catarina entrou ao intervalo e fez a diferença no jogo. O que lhe foi pedido pelo míster João Marques?
-Pediu-me para dar frescura à equipa, porque sabia que precisávamos de energia nova. Ele fez algumas alterações; eu e mais duas jogadoras entrámos ao intervalo para dar mais intensidade aos três setores do campo. Mexemos todas com o jogo. A ideia era, acima de tudo, reforçar o coletivo, levar uma nova dinâmica ao grupo, e acho que conseguimos cumprir o que nos foi pedido.
Mexeu com o jogo e foi recompensada, porque em cinco minutos fez os dois golos da vitória...
-Foi um momento muito feliz para mim, até porque não sou jogadora de marcar muitos golos, o meu papel em campo é outro. Mas como os dois golos foram os meus primeiros da época, fiquei ainda mais satisfeita. O segundo, especialmente, foi um alívio, não só a nível individual mas para toda a equipa. Senti que a nossa vitória também era um reflexo do trabalho que fizemos coletivamente. Sentimos que já estava à nossa espera.
O Clube Albergaria ainda não tinha marcado golos esta temporada e fez o primeiro diante da vossa equipa...
-Isso faz-nos refletir. A nossa equipa trabalha muito para não sofrer golos, e é verdade que temos cometido alguns erros em momentos-chave, especialmente em bolas paradas. Temos nove sofridos e oito marcados. Não é por ser o clube A, B ou C. Temos de aprender a ser mais consistentes nesses momentos. Nos últimos jogos sofremos golos de bolas paradas, são lances legítimos e aos quais precisamos de estar mais atentas e concentradas.
O Racing Power estava há quatro jogos sem conseguir marcar golos, como é que a equipa lidou com essa seca ofensiva?
-Claro que era algo nos preocupava, mas estávamos conscientes de que estávamos a criar oportunidades. O ano passado a equipa era mais letal nesse capítulo. Este ano, a equipa é muito jovem e por vezes falta-nos aquela experiência necessária para materializar as boas jogadas em golos, é completamente normal. A falta de eficácia tem sido um ponto de trabalho constante, pelo que ficámos felizes por finalmente marcar dois golos. Sabemos que ainda há um caminho a percorrer, mas a evolução está a ser feita. Mas não ficamos a matutar sobre o assunto.
Esta foi apenas a segunda vitória do Racing Power na Liga BPI. Sentem que podem estar aquém do que o vosso potencial indica?
-Sim, sabemos que podemos fazer mais. O nosso objetivo é vencer todos os jogos em que participamos, nunca escondemos isso. Queremos fazer melhor do que na temporada passada, sempre disse isto e não o escondo. Temos uma equipa com muito potencial e qualidade, mas por vezes as coisas não saem como desejamos. Estamos a dominar muitos jogos, mas ainda nos falta aquela “estrelinha” ou sorte para fazer a diferença.
Cada ponto “custa muito” numa prova recheada de surpresas
O Racing Power ocupa o sétimo lugar num campeonato com novo formato, marcado pela descida de três equipas e pelo play-off de permanência para o nono classificado. “Cada ponto custa muito, não há jogos fáceis. Qualquer equipa pode surpreender”, destaca Catarina Realista sobre uma competição cada vez mais equilibrada e imprevisível. “A Liga BPI está mais competitiva do que nunca, mas ainda é cedo para tirar conclusões. Cada jornada é um novo incentivo, temos de estar preparadas para tudo. Esta prova está cada vez mais equilibrada, por isso temos de dar o nosso melhor em todos os jogos. A mentalidade do Racing Power é clara, queremos vencer”, acrescenta.