Erica Parkinson: filha de pai inglês e mãe japonesa e a jogar no Valadares com 15 anos
Com apenas 15 anos, a avançado do Valadares é a jogadora mais jovem desta edição da Liga BPI. Apesar da tenra idade, a internacional jovem inglesa soma 21 jogos e um golo pelo emblema gaiense esta temporada. A O JOGO, Erica fala sobre o seu percurso, embalado por um sonho.
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Erica Parkinson não é uma rapariga como as outras. Filha de pai inglês e mãe japonesa, Erica embarcou numa jornada de mudança radical para perseguir o sonho de se tornar jogadora de futebol profissional. Esta decisão marcou o início de uma aventura para toda a sua família, deixando para trás Singapura há cinco anos, rumo a Portugal.
Qual foi o ponto de partida desta paixão pela bola?
-O futebol sempre esteve presente na minha família, especialmente do lado do meu pai. Desde muito nova, por volta dos três anos, entrei para o meu primeiro clube e desde então desenvolvi uma paixão única por este desporto, em grande parte graças ao meu irmão mais velho, que também jogava.
Quando revelou aos seus pais o desejo de se tornar uma jogadora profissional, eles aceitaram prontamente e deixaram tudo para trás para lhe proporcionar as melhores condições. Porque optaram por Portugal como destino?
-A minha família sempre me apoiou desde o primeiro dia. Serei sempre grata pelos sacrifícios que fizeram. Optámos por esta mudança em família porque acreditávamos que um novo ambiente seria benéfico para nós. Além disso, ouvimos falar que Portugal oferecia excelentes oportunidades para o desenvolvimento no futebol, o que certamente ajudaria a aprimorar as minhas habilidades técnicas. Também desejávamos estar mais próximos da nossa família em Inglaterra e aproveitar a vida na Europa.
A Erica tem um irmão, o Denis, que joga no Famalicão e que também veio em busca do sonho. Têm uma ligação forte?
-Sempre tivemos. Partilhar a mesma paixão pelo futebol é uma verdadeira dádiva. Treinámos sempre juntos e incentivámo-nos mutuamente para nos tornarmos melhores jogadores. É fantástico ter alguém ao meu lado que partilha os mesmos objetivos e mentalidade do que eu.
Depois de Dragon Force, Foz e Leixões, sempre a jogar com rapazes, a Erica mudou-se esta época para o Valadares. Como é que lida com a responsabilidade de ser a jogadora mais jovem da Liga BPI e tendo já disputado 21 jogos esta época?
-Sendo esta a minha primeira temporada numa prova só feminina, tenho aprendido muito. Acredito que devemos encontrar alegria no que fazemos e eu jogo com muita paixão. Encaro a responsabilidade como motivação para dar o meu melhor. É importante ser ambiciosa. Na indústria do futebol, especialmente como jovem jogadora, enfrento desafios ao competir contra atletas maiores, mais rápidas e com mais experiência. Isso obriga-me a usar e desenvolver os meus pontos fortes, como a capacidade técnica.
Qual é a sua visão sobre o futebol português?
-Penso que o futebol feminino em Portugal está a crescer e a melhorar a cada ano, oferecendo um nível excelente para o desenvolvimento de jovens jogadoras. Na minha perspetiva, a Liga BPI tem evoluído consideravelmente.
O Valadares é o clube ideal para o seu crescimento?
-O Valadares foi o meu primeiro clube de formação feminina e tenho plena confiança na equipa técnica e no clube. Estou muito grata a quem apostou em mim. O ambiente proporcionado ajudou-me a evoluir como jogadora em campo e como pessoa fora dele, enquanto estabeleci muitas amizades incríveis.
Estudar e jogar faz parte da sua realidade, mas ainda há tempo para ser jovem?
-Considero que ser uma estudante-atleta exige muita dedicação, já que é complicado encontrar tempo para tudo o que é necessário ao longo do dia. É preciso ter uma mentalidade muito forte para lidar com isso. Por vezes, pode não ser possível realizar todas as tarefas, mas o importane é tentar. Acima de tudo, é crucial gerir as atividades de forma a evitar o stress ou o esgotamento.
Sente que tem um futuro promissor no futebol?
-Atualmente, estou totalmente concentrada e focada no presente. Contudo, para o meu futuro, alimento o sonho de jogar em grandes palcos e vestir a camisola uma equipa de renome. Este é e sempre foi o meu sonho desde a infância.
Erica fez parte da comitiva inglesa no Europeu sub-17 em 2023
Erica tem seguido o caminho da seleção inglesa e marcou presença no Europeu Sub-17, em 2023, experiência marcante. “Estou verdadeiramente grata por ter a honra de representar Inglaterra. Ter a oportunidade de o fazer no Europeu foi incrível. Disputar jogos tão competitivos é um sentimento que sempre guardarei. Espero poder vivê-lo novamente neste verão”, partilha a avançado.
Apesar de ser filha de mãe japonesa, Erica poderia ter optado por representar o Japão, especialmente considerando que o irmão, Denis, já foi convocado para uma concentração nipónica. “Nunca fui convidada pelo Japão. Tive a oportunidade de representar a Inglaterra e quero continuar”, acrescenta.