Godói, médio do Ouriense, de 26 anos, ultrapassou a falta de reconhecimento e as condições precárias no início da carreira no futebol.
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Daiane Janine Fogel, ou Godói, como é carinhosamente conhecida, é uma peça-chave nos relvados portugueses, mostrando-se como médio no Ouriense, na Liga BPI. Com 26 anos, a jogadora brasileira não só ostenta a braçadeira de capitã mas também é a atleta mais utilizada do plantel, somando 11 jogos sob o comando de César Matias.
Desde a chegada a Portugal, em 2020, pelas portas do Racing Power, testemunha com otimismo o florescer do futebol feminino no país, com mais jogadoras, clubes e adeptos a renderem-se à magia do desporto.
Godói, como surgiu a alcunha que a distingue?
-A alcunha Godói nasceu da terra onde vi a luz do dia, Cândido Godói. Quando comecei a jogar, éramos várias Daianes em campo e para simplificar optaram por me chamar Godói.
Partilhe connosco um pouco sobre o início da sua jornada no futebol. Como tudo começou e o que a impulsionou a seguir o caminho de jogadora profissional?
-Os primeiros dribles foram nas ruas, com os rapazes, perto da casa da minha avó. Esse entusiasmo levou-me a uma escola de futebol e, aos 14 anos, dei um salto ao mudar-me para outro estado, onde iniciei a minha carreira no futsal. Aos 18, o regresso ao futebol foi marcado pelo Brasileirão A1. O sonho de ser jogadora profissional sempre me guiou, sendo a paixão pelo futebol a força motriz da minha vida.
Foi uma jornada desafiante para alcançar o lugar onde se encontra?
-No início, o futebol feminino não era reconhecido como uma profissão e enfrentei preconceitos e condições precárias. Diariamente, superei esses obstáculos, transformando experiências em aprendizagens. Mantive-me resiliente, focada e confiante no meu trabalho. O futebol feminino, antes marginalizado, tornou-se a base sólida sobre a qual construí a minha carreira, fortalecida pela resiliência, dedicação e confiança constante no meu potencial.
E como foi o processo de transição do Brasil para Portugal?
-As ligas portuguesas estão cada vez mais competitivas, o que atrai jogadoras estrangeiras. Cheguei a Portugal em 2020 para jogar no Racing Power, vesti a camisola do Vitória de Setúbal e agora represento o Ouriense na Liga BPI.
Sendo capitã do Ouriense, como é liderar a equipa, especialmente por ter chegado no início da época?
-Ser capitã é uma responsabilidade partilhada com outras quatro colegas. Apesar de ter chegado esta temporada, acredito que a confiança e o compromisso não dependem do tempo mas sim da intensidade e entrega diária. A maior responsabilidade é extrair o melhor de cada jogadora, especialmente num grupo jovem, em prol da equipa.
Sente que tem o perfil de líder?
-Ser capitã contribui significativamente no meu amadurecimento e nas responsabilidades diante das decisões. A principal lição é ser fiel aos valores que carrego e entender que o trabalho sempre retribui o que dedicamos.
Quais são os objetivos pessoais e coletivos para esta temporada?
-Pessoalmente, quero realizar uma época de alto nível no Ouriense, contribuindo com boas atuações. Coletivamente, a equipa está focada em cumprir os objetivos do clube na Liga BPI.
Há alguma referência no mundo do futebol que a inspire?
-Formiga e Zidane são influências fundamentais no meu percurso. A garra e a dedicação incansável da Formiga são fontes constantes de inspiração. Procuro replicar a intensidade no meu jogo. Além disso, a elegância de Zidane exerce um impacto significativo em mim.
Como vê o crescimento do futebol feminino em Portugal nos últimos anos?
-Vejo de forma extremamente positiva. Testemunhar o aumento do número de jogadoras, o surgimento de novos clubes e um interesse crescente por parte dos adeptos é emocionante. O investimento no desporto feminino também deu um salto notável, refletindo-se numa melhoria significativa das condições de trabalho e numa elevação da competitividade nas ligas.