Melhor marcadora da história da Seleção, com 39 golos, Edite Fernandes fez, para O JOGO, um balanço do Europeu que terminou no domingo, com triunfo da Inglaterra.
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Considera que este Europeu representa um ponto de viragem forte em termos globais?
-Este Europeu será, sem dúvida, um ponto de viragem, o que também se deve à divulgação, factor social, e aos próprios jogadores profissionais apoiarem a evolução do futebol feminino. Antigamente, havia distância entre os jogadores profissionais e a realidade feminina e agora assistimos a uma aproximação. Harry Kane manifestou-se depois da final, felicitando a seleção inglesa e o Cristiano Ronaldo também esteve ao lado da nossa Seleção antes da prova. Duas figuras do futebol mundial a darem importância à envolvência do Europeu. Tudo isto ajuda e vai ajudar a dar um boost ao futebol feminino. A prova chegou aos quatro cantos do mundo e por exemplo, duas colegas que jogaram comigo nos Estados Unidos assistiram aos jogos. Este Europeu será o empurrão para o que o futebol feminino merece, em crescimento e em importância.
Bateram-se vários recordes. Que legado fica?
-A fasquia ficou elevada com o nível apresentado. Este Europeu foi uma conquista para o futebol das mulheres, porque rompe questões sociais e vai de encontro ao direito à igualdade. A envolvência da própria nação inglesa tem de ser vista como um exemplo para o futuro. É continuar a bater recordes e fazer ainda melhor no Mundial. A atenção em torno do futebol das mulheres será diferente a partir daqui e a Comunicação Social tem um papel importantíssimo na divulgação do desporto feminino. A tendência é para crescer, sabendo que é incomparável com a realidade masculina. Mas que possamos estar num nível mais próximo nos salários e nas condições. Os clubes estão a apostar na formação e a tendência é que possa haver mais patrocínios e interesse das empresas, pois vão querer estar ligados a uma modalidade em crescimento.
Em termos nacionais, qual o impacto do torneio?
-O facto da transmissão dos jogos da Seleção ter sido em canal aberto mostra a importância do que o país e a FPF querem valorizar. Todos os jogos foram transmitidos no Canal 11 e hoje, acredito que a nossa sociedade saiba quem é o nosso selecionador, a atleta mais internacional, ou já conheça determinada jogadora e reconheça que tem qualidade. Há que continuar a trabalhar para que tenhamos uma liga com todos os clubes profissionais, mas isso vai levar alguns anos. É importante que haja esse trabalho nos clubes também. Fizemos um Europeu extraordinário em comparação com 2017 e com jogadoras mais valiosas, a competitividade da Seleção aumentará.
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